FIJ ASSINALA DIA MUNDIAL DA LIBERDADE DE IMPRENSA

A Federação Internacional do Jornalismo (FIJ) apela aos sindicatos e às associações de jornalistas para, no Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, a 3 de Maio, se mobilizarem contra duas ameaças ao futuro do jornalismo: os capitães da indústria que perderam os valores do jornalismo e os grupos ou forças extremistas que ameaçam a vida e a segurança dos jornalistas e profissionais dos média.

Duas questões vão estar este ano na primeira linha das preocupações dos jornalistas: a segurança da prática do jornalismo e a justiça social no trabalho. São estes os temas centrais da declaração da FIJ para o Dia Mundial da Liberdade da Imprensa, que é assinalado a 3 de Maio, por recomendação da UNESCO.

O combate pela segurança tornou-se uma questão de primeiro plano na campanha mundial contra o terrorismo, onde os repórteres tornaram-se alvos nos conflitos regionais. A FIJ apela a uma acção da parte dos empregadores, no sentido de enfrentar o número crescente de trabalhadores dos média que têm sido mortos no exercício da sua profissão.

O relatório da FIJ para 2001 dá conta, em detalhe, da morte de 103 jornalistas e trabalhadores dos média, que perderam a vida em 38 países – o balanço mais pesado dos últimos seis anos. Muitos destes profissionais foram mortos em zonas de guerra, enquanto outros, como Daniel Pearl, no Paquistão, Martin O’Hagan, na Irlanda e Mário Coelho, no Brasil, foram executados por assassinos sem escrúpulos. A recente intensificação da violência no Médio Oriente foi acompanhada de uma propensão sem precedentes a tomar os jornalistas como alvos, o que constitui um tendência inquietante nos conflitos regionais.

É tempo de as companhias dos média trabalharem concertadamente em novas iniciativas para reduzir os riscos que enfrentam os seus profissionais. Uma melhor formação, melhor equipamento e garantias de seguros para todos, incluindo os jornalistas «freelance», devem ser implementados com urgência. É necessária uma iniciativa à escala de todo o sector dos média para que os jornalistas – incluindo os que trabalham para órgãos de comunicação social de pequena dimensão e os «freelancer» – tenham acesso a uma formação que lhes permita tomar consciência dos riscos.

Ao mesmo tempo que inúmeros colegas são alvejados, a criação de redes mundiais tem conduzido a uma crescente concentração, a ataques constantes aos direitos dos trabalhadores e à emergência de inúmeras misturas entre os interesses dos média e da política.

O rosto arrogante da mundialização dos média encontra-se em Itália, onde o primeiro-ministro Silvio Berlusconi, que é proprietário da maioria dos média privados do país, está actualmente em condições de influenciar o futuro do sistema público de rádio e de televisão, ou seja, a única força independente com capacidade para contrariar o seu império mediático.

Em todas as regiões do mundo, assistimos a uma concentração dos média e a ataques às condições de trabalho dos jornalistas. Os políticos têm estado demasiado indiferentes a esse risco ou não têm tido coragem para opor-se a esta ameaça que representam a concentração e o poder dos proprietários dos média.

Este ano, a FIJ apela aos sindicatos e às associações de jornalistas para aproveitaram o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa para colocar a tónica em duas ameaças ao futuro do jornalismo – os capitães da indústria que perderam os valores do jornalismo e os grupos ou forças extremistas que ameaçam a vida e a segurança dos nossos colegas.

Segurança– A FIJ apela aos sindicatos que alertem para as ameaças aos jornalistas durante o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa e a lançar campanhas nacionais para minimizar os riscos dos profissionais. Mais do que nunca, após o 11 de Setembro, os jornalistas vivem sob a ameaça do terrorismo e da guerra. Oito jornalistas foram assassinados no Afeganistão e existem sete trabalhadores dos média entre as quatro mil vítimas mortais dos atentados em Nova Iorque, a 11 de Setembro. Este ano, já morreram 18 jornalistas e várias dezenas foram brutalizados no Médio Oriente, onde um fotógrafo «freelance» morreu, em Março, durante uma troca de tiros nas ruas de Ramallah.

Apelamos a todos os sindicatos no sentido de:

Garantirem que os acordos colectivos de trabalho incluam formação de segurança e possuam uma estratégia geral de segurança.

Apoiarem o Fundo de Solidariedade da FIJ e a criação de um fundo comum a todo o sector dos média, para fornecer formação e equipamentos de segurança a todos os jornalistas operando num ambiente hostil.

Mundialização – A FIJ apela ainda aos sindicatos para apoiarem iniciativas locais e regionais alertando para os riscos da mundialização, bem como as campanhas da FIJ contra a comercialização excessiva e a favor do profissionalismo, da justiça social e da independência das redacções.

Apelamos a todos os sindicatos da FIJ para:

Protestarem contra a concentração excessiva dos média e a sublinharem os conflitos de interesse entre os políticos e as empresas proprietárias dos meios de comunicação social.

Apoiarem as campanhas da FIJ em defesa dos direitos do trabalho face às ameaças dos empregadores, como a campanha a favor dos direitos de autor e a campanha para a defesa de uma rádio e de uma televisão públicas.

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