EUA advogam direito de espiar jornalistas

O governo dos Estados Unidos defendeu hoje, 7 de Junho, o uso das leis de espionagem, que datam da Primeira Guerra Mundial, contra qualquer profissional, inclusive jornalistas que divulguem informações secretas.

O responsável pela divisão de crimes do Departamento de Justiça, Matthew Friedrich, defendeu perante o Comité Judicial do Senado norte-americano que as leis de espionagem não contemplam “isenções para nenhuma categoria profissional”, pelo que os jornalistas não estão imunes perante possíveis acções legais sob os estatutos em vigor.

Friedrich, ouvido no Senado no âmbito das investigações à pretensão do FBI de aceder aos arquivos do jornalista Jack Anderson, falecido em 2005 e que ficou famoso por revelar diversos escândalos governamentais, deixou claro que a Casa Branca considera que a divulgação não autorizada de dados secretos põe em perigo a segurança nacional, a luta antiterrorista e a própria segurança dos cidadãos. Segundo o FBI, os documentos de Anderson incluem informação sobre as fontes e os métodos utilizados pelo serviço de espionagem dos EUA, e que o seu interesse visa apenas prevenir a divulgação de informações sensíveis para o governo.

Recorda-se que Anderson divulgou, entre outros escândalos, um plano da Agência Central de Inteligência (CIA) para assassinar Fidel Castro e dados sobre acordos de troca de fornecimento de armas por reféns com o Irão.

A investigação do Senado visa apurar as razões que levam o FBI a pretender vasculhar os arquivos que Anderson acumulou durante cinco décadas de prática jornalística.

A família de Anderson já declarou que não entregará ao FBI as cerca de 200 caixas de documentos do jornalista, que morreu aos 83 anos.

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