Ali Mohaqiq Nasab, editor da publicação mensal afegã “Haqooq-i-Zan”, pode vir a ser condenado à pena de morte por enforcamento, caso o tribunal julgue favoravelmente o recurso interposto pelos procuradores, que consideraram “demasiado branda” a pena de dois anos de prisão com que o jornalista foi sentenciado por blasfémia.

O jornalista foi condenado a 22 de Outubro pelo Tribunal de Primeira Instância de Cabul por ter escrito um conjunto de artigos que punha em causa a discriminação das mulheres, as duras penas para criminosos e adúlteros e a intolerância para quem abandonava a fé islâmica.

Estes artigos não tiveram grande repercussão aquando da sua publicação em Maio, mas levaram à detenção do jornalista a 1 de Outubro, depois de um influente líder religioso muçulmano ter chamado infiel a Ali Mohaqiq Nasab durante um sermão.

Para o director do Instituto Internacional de Imprensa (IPI), Johann P. Fritz, a ameaça da pena de morte neste caso – defendida pelos procuradores ao abrigo da sharia – é “ um travestimento da justiça” e “prejudica as declarações do presidente Hamid Karzai, que disse apoiar a liberdade de imprensa no Afeganistão”

A organização insta o presidente afegão a fazer os possíveis para que o assunto seja resolvido a favor do jornalista, que entretanto recorreu da sentença de dois anos de prisão para instâncias superiores.