Dúvidas sobre eficácia da Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação

A Cimeira Mundial sobre a Sociedade da Informação, que se realiza entre 10 e 12 de Dezembro, em Genebra, na Suíça, poderá ser um fracasso se não se aproveitar o momento para enfrentar a crise da globalização mediática, avisou a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

Segundo a organização, embora no esboço da Declaração da Cimeira existam referências aos direitos internacionais de liberdade de expressão, ao papel dos média tradicionais no desenvolvimento da sociedade da informação e à necessidade de diversidade na propriedade dos órgãos de comunicação, pontos como a concentração dos média, a defesa do serviço público de radiodifusão e a protecção aos direitos de autor dos jornalistas não foram abordados da forma que seria desejável.

Outro aspecto destacado pela FIJ é a crise de emprego nesta nova era tecnológica, onde milhões de trabalhadores não vêem reconhecidos os seus direitos fundamentais, consagrados nas declarações da Organização Mundial do Trabalho.

Posição idêntica tem a Rede Internacional de Sindicatos, que aplaude os apelos de igualdade e justiça presentes na Declaração, mas contesta a pouca profundidade do documento e do plano de acção no que respeita à protecção dos direitos dos trabalhadores.

Quem também se pronunciou sobre a Cimeira foram os membros do Comité Coordenador das Organizações de Liberdade de Imprensa, que instaram os organizadores do encontro a não realizarem a segunda parte da reunião na Tunísia, em 2005, por este ser um país onde não existe liberdade de imprensa nem de expressão.

Excluída da cimeira depois de ter contestado a presidência líbia da Comissão de Direitos Humanos da ONU, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) decidiu criar uma rádio pirata para emitir directamente para o local da reunião, através da distribuição de minitransistores aos assistentes do encontro.

A Rádio Non Grata, nome da estação pirata da RSF, emitirá a partir da localidade fronteiriça francesa de Ferney-Voltaire, cujo nome tem ligações óbvias ao filósofo francês que se batia contra a intolerância e a censura da sua época.

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