As autoridades de Moscovo advertiram oficialmente o diário “Kommersant” pelo seu alegado “apoio a actividades extremistas”, após o jornal ter publicado a 7 de Fevereiro uma entrevista com o líder rebelde checheno Aslan Maskhadov.
De acordo com a Lei de Imprensa e a Lei Contra Actividades Extremistas, as autoridades da Rússia podem encerrar os órgãos de comunicação que recebam três avisos oficiais num ano.
O chefe do departamento jurídico da editora do “Kommersant”, Georgii Ivanov, anunciou que vai contestar em tribunal a validade do aviso, alegando que em Abril de 2000 o tribunal invalidou um aviso similar, igualmente motivado por uma entrevista ao rebelde checheno.
Na entrevista ao “Kommersant”, Aslan Maskhadov insta Vladimir Putin a iniciar conversações de paz com os separatistas chechenos, tendo em conta o cessar-fogo unilateral que estes declararam. A proposta foi rejeitada pelo presidente russo recusou, apesar de sondagens recentes mostrarem que metade dos russos apoia a existência de contactos oficiais entre o governo e os rebeldes.
Segundo o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), desde que Vladimir Putin chegou ao poder, o Kremlin intensificou os esforços para bloquear notícias sobre o ponto de vista checheno do conflito.
Entre os exemplos dados pela organização estão a pressão do Ministério dos Negócios Estrangeiros russo sobre vários países vizinhos com vista ao encerramento do website Kavkazcenter, em 2004, e as críticas das autoridades russas a uma entrevista ao líder rebelde Shamil Basayev efectuada pelo canal televisivo britânico Channel 4, na passada semana.