“Dia de luto” no Paquistão contra restrições à liberdade de imprensa

Milhares de jornalistas paquistaneses cumpriram a 7 de Junho um “Dia de luto” em protesto contra a decisão do governo de restringir a liberdade de informação nos média electrónicos.

As manifestações de protesto, realizadas nas cidades de Islamabad, Lahore, Karachi, Hyderabad e Multan, entre outras, contaram com o apoio de advogados e outras organizações não governamentais que exigem a revogação da lei que reforça os poderes do organismo que controla os meios de comunicação social electrónicos (PEMRA), aprovada a 4 de Junho pelo regime do general Pervez Musharraf.

A polémica gerada pela nova legislação – que consagra inclusive o encerramento de emissoras que divulguem notícias desfavoráveis ao Governo – levou o executivo paquistanês a suspendê-la provisoriamente, após uma reunião realizada a 6 de Junho entre o primeiro-ministro, Shaukhat Aziz, e os proprietários de canais de televisão e jornais electrónicos.

Segundo um comunicado oficial, na reunião foi decidido que a emenda legislativa será revista por uma comissão composta por seis membros, três do Governo e outros três da imprensa, a quem caberá elaborar um relatório a apresentar ao chefe do executivo paquistanês.

Pressão dos EUA não evita prisões

De acordo com a agência EFE, a decisão de rever a legislação ocorreu poucas horas depois de o porta-voz do Departamento de Estado norte-americano, Sean McCormack, ter pedido ao Paquistão que adoptasse “as novas liberdades que estão a emergir na sociedade”, designadamente as “relativas à liberdade de expressão”.

O aparente recuo governamental não impediu no entanto a detenção, dia 5, de cerca de 500 opositores, na sua maioria apoiantes do Partido do Povo do Paquistão (PPP) da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, da Liga Muçulmana do Paquistão do ex-chefe do Governo Nawaz Sharif e da aliança religiosa multilateral, principal força da oposição no parlamento do país.

O “Dia de luto”, convocado pela União Federal de Jornalistas do Paquistão (PFUJ), contou com a solidariedade da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que através da sua directora para a Ásia-Pacífico, Jacqueline Park, reafirmou o seu total apoio à luta dos trabalhadores dos média contra as ameaças de restrição da liberdade de imprensa e por melhores condições de trabalho no sector.

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