A Portugal Telecom prepara-se para fazer um despedimento colectivo camuflado na TSF-Online. Aos trabalhadores, incluindo 24 jornalistas, foi anunciado que ou assinam os contratos de rescisão que lhes serão propostos amanhã pela administração ou serão dispensados em condições inferiores. O Sindicato dos Jornalistas (SJ) classifica tal atitude como uma “chantagem inadmissível”.

Em comunicado, o SJ afirma que a Lusomundo Media e a Portugal Telecom “assumiram responsabilidades de que não podem descartar-se com a ligeireza com que querem libertar-se deste grupo de profissionais”, lamentando o “completo desprezo pelo futuro de um projecto jornalístico que conquistou prestígio e dos profissionais que deram o melhor da sua criatividade, da sua imaginação e da sua juventude à TSF-Online”.

O SJ está disponível para estudar “soluções exequíveis e justas” mas lembra que num “tão vasto universo empresarial haverá certamente lugar para os jornalistas e outros profissionais ameaçados de despedimento”.

Uma petição contra o encerramento do sítio está disponível na Internet (ver “link” no final desta notícia)

É o seguinte o texto integral do comunicado do Sindicato dos Jornalistas:

Portugal Telecom quer despedir 24 jornalistas

“1. Um representante da Portugal Telecom para os Recursos Humanos foi ontem à Redacção da TSF-Online confessar o que uma fonte não identificada da Lusomundo Media negara na véspera, em declarações à agência Lusa: afinal, a Lusomundo, do grupo Portugal Telecom, pretende mesmo fazer um despedimento colectivo de 24 jornalistas.

2. A forma adoptada pela empresa reproduz um truque de chantagem inadmissível: a PT nega que pretenda realizar um despedimento colectivo, mas acaba de confrontar os trabalhadores da Lusomundo.net – que asseguram o sítio TSFonline – com a ameça de que ou aceitam os termos e as condições da rescisão dos respectivos contratos de trabalho que amanhã lhes serão propostos, ou serão dispensados brevemente com condições inferiores a estas.

3. Tal actuação da Empresa visa, assim, um despedimento colectivo camuflado e evidencia um completo desprezo pelo futuro de um projecto jornalístico que conquistou prestígio e dos profissionais que deram o melhor da sua criatividade, da sua imaginação e da sua juventude à TSF-Online.

4. Mas a principal responsabilidade advém da própria composição e objectivos do grupo em que a Lusomundo.net/TSF-Online se inserem: a holding Lusomundo Media e a Portugal Telecom constituem hoje o mais poderoso conglomerado empresarial na área dos média e das telecomunicações, de que as comunicações on-line são uma expressão, pelo que, ao apostar como apostaram na nova economia e na difusão de informação por esta via, assumiram responsabilidades de que não podem descartar-se com a ligeireza com que querem libertar-se deste grupo de profissionais e do projecto que eles construíram.

5. O Sindicato dos Jornalistas regista a disponibilidade da empresa para oferecer indemnizações aos trabalhadores que pretende dispensar, mas alerta que o principal direito de um trabalhador é o trabalho e não uma indemnização, pelo que continuará a bater-se para que os direitos e garantias essenciais dos jornalistas e outros trabalhadores sejam acautelados.

6. O Sindicato está disponível para estudar com a empresa a natureza e a extensão do problema da TSF-Online, bem como soluções que sejam exequíveis e justas, mas recorda que, pertencendo a Lusomundo.net a um grupo que se arroga o direito de explorar sinergias, não pode deixar de conferir-lhes uma dimensão social: em tão vasto universo empresarial, haverá certamente lugar para os jornalistas e outros profissionais ameaçados de despedimento.

7. Para analisar a situação e preparar a resposta a esta ofensiva, os jornalistas e outros trabalhadores reúnem-se na próxima quinta-feira em plenário. “