Currículo de João Coito

JOÃO COITO (1927)

Em resposta ao pedido de currículo que lhe dirigimos, o jornalista João Coito enviou ao editor deste sítio a seguinte carta::

« Prezado camarada e ilustre amigo:

Faltei ao prometido porque me envolvi demasiado nas festas natalícias. Quem tem netos, tem desculpa. Aqui vai a vera efígie do ancião seu amigo que tem um “curriculum” que se pode sintetizar assim:

Nasceu a 26/01/1927 na Guarda (a cidade mais alta de Portugal).

Frequentou Direito e Histórico-Filosóficas, sem concluir qualquer dos cursos.

Começou a trabalhar no “Novidades” em 1946 como estagiário, passando a repórter informador após os seis meses da praxe.

Fui convidado a ingressar no “Diário de Notícias”, em 1951, onde iniciei a actividade como redactor. Fui, depois, subchefe e chefe de Redacção.

Fui presidente do Sindicato Nacional dos Jornalistas em resultado de renhida eleição após o mandato de Alfredo Gândara. Em consequência desse facto, fui procurador à Câmara Corporativa e vereador da Câmara Municipal de Lisboa durante a presidência do general França Borges.

Fui “saneado” do cargo no “Diário de Notícias” por decisão de um administrador, parente do Dr. Mário Soares, que viria a ser governador civil de Lisboa. Alegou ele que tal era a vontade dos trabalhadores, quando eu tinha no bolso cópia da exposição enviada ao S.N.J. por todos os meus colegas da Redacção. O administrador não se deu por vencido e argumentou que os trabalhadores eram os do Anuário Comercial, onde eu nunca pus os pés. A referida exposição exigia que eu ficasse, mas o Sindicato não ligou…

Participei, depois, em “O Dia” como chefe de Redacção, convidado pelo então director, Dr. Vitorino Nemésio. Mais tarde, vim a ser director do mesmo jornal, onde concluí a minha actividade profissional por ter atingido a idade de reforma e me não pagarem o ordenado. Aufiro a gloriosa pensão de 100 000 escudos, isto é, 500 euros.

Como vê, tenho um futuro risonho à minha frente!…

Ah! Sou condecorado com a Comenda da Ordem do Infante.

Peço mais uma vez desculpa pelo atraso. Espero que me perdoe e confio em continuar a merecer a sua amizade, que muito me desvanece. Um grande ano para si com tudo quanto deseja e merece.

João Coito

P.S. – Esqueci a referência ao meu trabalho na Televisão, onde fui comentador dos assuntos nacionais durante vários anos. E também não mencionei as minhas actuais funções de Presidente da Assembleia Geral da Casa da Imprensa. Desculpa!»

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