A detenção em Luanda, em condições absurdas e abusivas, do jornalista angolano Herculano Coroado, que desempenha as funções de correspondente da Lusa, suscitou uma tomada de posição do Sindicato dos Jornalistas, que condenou o abuso e advertiu as autoridades angolanas para as práticas intimidatórias de que o referido jornalista tem sido alvo.
A Direcção do Sindicato dos Jornalistas portugueses manifesta a sua preocupação pela detenção do jornalista Herculano Coroado, correspondente da TSF em Luanda, e condena, uma vez mais, as decisões arbitrárias das autoridades da República de Angola contra o livre exercício da profissão.
Herculano Coroado foi detido ontem, terça-feira, por alegadas desobediência e injúria a um agente regulador de trânsito. As condições da detenção desmentem, por si próprias, a alegada acusação.
Herculano Coroado foi abordado, à porta de casa, por um agente de trânsito, que lhe pediu a identificação e os documentos da viatura, com o argumento de que se tratava de uma inspecção ao carro. Estranhando tal procedimento, sem o respectivo mandado, o jornalista contactou a 8.ª Esquadra de Luanda, tendo comparecido no local o seu comandante, que, a pretexto de resolver a questão na esquadra, pediu que o acompanhasse.
Herculano Coroado aceitou a ideia, mas a viagem teve outro destino: a Unidade Operativa de Luanda, onde acabou por ficar detido.
Apresentado hoje à tarde a juízo, foi informado de que o julgamento era adiado para amanhã, quinta-feira, e saiu em liberdade com ordem de entretanto não exercer a actividade profissional.
Herculano Coroado, que já em 1999 viu a sua casa ser alvo de uma busca policial, sem qualquer tipo de justificação, tem ultimamente recebido telefonemas intimidatórios.
O Sindicato dos Jornalistas denuncia mais esta atitude de abuso de autoridade contra jornalistas angolanos, neste caso sobre um correspondente de um órgão de informação de Portugal, e protesta energicamente contra o processo intimidatório de que vem sendo alvo o jornalista da TSF.
Ao jornalista Herculano Coroado, o SJ manifesta a sua total solidariedade.