Conselho Deontológico repudia tentativas de censura na cobertura da Guerra da Ucrânia

O Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas repudia todas as atitudes que possam configurar tentativas de censura, de condicionamento e de limitação ao acesso à informação por parte jornalistas e da opinião pública. Nesse sentido, manifesta a sua solidariedade e apoio para com os jornalistas que, nos diferentes locais e frentes do conflito de guerra causada pela invasão da Ucrânia pela Rússia, procuram, não obstante as condições e limites impostos ao seu trabalho, realizar o seu trabalho em respeito pelos princípios do rigor, exatidão e interpretação honesta dos factos, previstos no ponto um do Código Deontológico.

O Conselho Deontológico salienta que os meios de informação e os jornalistas devem assegurar uma cobertura dos acontecimentos de modo a permitir que o público consiga ter uma visão geral, plural e diversificada dos distintos lados dos acontecimentos, garantindo assim que o público disponha de elementos que lhe permita construir uma opinião sobre os mesmos.

Não pode o Conselho Deontológico deixar de salientar que uma das formas tradicionais de manipulação da opinião pública é a tentativa de calar ou de descredibilizar as informações e as pessoas que mostram pontos de vista divergentes.

Todas as tentativas de condicionar o trabalho sério dos jornalistas no cenário de guerra da Ucrânia, muito em particular quando os jornalistas o fazem em condições de risco das suas próprias vidas, merecem, por isso, o repúdio do Conselho Deontológico.

A ideia de que todo o trabalho jornalístico se faz a soldo ou ao serviço de um dos lados ou das partes envolvidas nos acontecimentos, em especial num conflito de guerra, resulta da mais abjeta visão do que é o jornalismo e do seu papel na formação de opiniões públicas informadas e do seu contributo para com a democracia.

Neste contexto, o Conselho Deontológico apela também aos jornalistas para que, em particular nestas circunstâncias, ponderem e avaliem as suas intervenções públicas e comentários nas redes sociais, sobretudo aqueles que, não obstante a sua legitimidade, possam, aos olhos do público, comprometer o seu estatuto de independência no tratamento da informação, num contexto marcado por sentimentos exacerbados.

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