Coligação anglo-americana “desconsidera” os jornalistas

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) acusou a coligação anglo-americana de “comprovadamente desconsiderar” os jornalistas e pediu aos militares da coligação uma investigação interna sobre o modo como os repórteres estão a ser tratados, na sequência de vários casos, em particular o de Luís Castro e de Vítor Silva e dos jornalistas que os acompahavam.

“Muitas jornalistas estiveram debaixo de fogo, outros foram presos e interrogados durante várias horas e outros foram mal-tratados, agredidos e humilhados por forças da coligação”, disse o secretário-geral da organização, Robert Ménard. A RSF exige que a coligação publique os resultados desse inquérito interno.

Para a RSF, a detenção dos repórteres da RTP e dos jornalistas israelitas com passaporte francês que os acompanhavam, mostra como as forças da coligação desconsideram o trabalhos dos repórteres que não viajam integrados em colunas militares. O sítio da RSF descreve pormenorizadamente os incidentes envolvendo os dois portugueses e os jornalistas israelitas Dan Scemama and Boaz Bismuth. “Os militares norte-americanos disseram que éramos espiões e trataram-nos como tal. Eles querem que todos os jornalistas no Iraque andem com um oficial de ligação que supervisione o que estão a filmar. Foi por isso que nos trataram com tanta crueldade”, afirmou Dan Scemama, que trabalha para a televisão de Israel Channel One.

Muitos jornalistas não-incorporados têm sido interrogados durante várias horas, ameaçados e reconduzidos ao Kuwait por militares da coligação, de acordo com testemunhos citados pela RSF.

A organização condenou ainda o bombardeamento do Ministério da Informação, em Bagdad, e afirmou que muitos jornalistas internacionais saíram do edifício uma hora antes de cair o primeiro míssil e podiam ter ficado feridos com gravidade. A RSF recorda que os média internacionais trabalhavam a partir do edifício, que também era utilizado pelos jornalistas da RTP e da SIC na capital iraquiana.

A RSF revelou ainda que um jornalista do “Christian Science Monitor” e do “Daily Telegraph” foi expulso da unidade onde estava incorporado após ter sido acusado de pôr em risco a segurança da força militar, por ter sido demasiado específico na informação que deu, numa entrevista à CNN.

Por outro lado, o operador de câmara da Al-Jazeera que estava desaparecido desde dia 29 em Bassorá esteve detido e foi interrogado durante 12 horas por militares norte-americanos.

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