Cobertura local feita a partir de outro continente

“Procuramos um jornalista baseado na Índia para relatar sobre o governo local e a vida política de Pasadena, na Califórnia, EUA”. Este invulgar anúncio está no sítio pasadenanow.com, cujo editor, James Macpherson, decidiu aproveitar o baixo custo da mão-de-obra indiana e aplicá-la ao jornalismo local, uma vez que as reuniões camarárias de Pasadena são transmitidas via Internet.

“Penso que pode ser uma boa forma de aumentar a qualidade do jornalismo a nível local sem as despesas, que é um grande problema para as publicações locais”, afirmou James Macpherson, frisando que “quer se esteja à secretária em Pasadena ou em Mumbai, está-se sempre a um telefonema ou a um e-mail de distância do entrevistado”.

A ideia já mereceu várias críticas. Bryce Nelson, professor universitário de jornalismo e residente em Pasadena, diz que “nenhuma pessoa de bom senso confia na reportagem de pessoas que não só não conhecem as instituições como nem sequer testemunharam presencialmente os acontecimentos e as nuances”, e conclui que “esta é uma imagem verdadeiramente triste daquilo em que o jornalismo se pode tornar”.

Não é a primeira vez que há outsourcing de trabalho jornalístico para a Índia, sendo o caso mais conhecido o da agência noticiosa Reuters, que tem instalações em Bangalore para acompanhar o que se passa em Wall Street, com base em comunicados de imprensa.

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