O Sindicato dos Jornalistas escreveu ao gestor do World Opportunity Fund, Clément Ducasse, cofundador do Union Capital Group (UCAP), a alertar para os efeitos nefastos que pode ter o anunciado despedimento coletivo no Global Media Group (GMG), direcionado às redações do “Jornal de Notícias” e da TSF. Na missiva, o SJ pergunta ao homem apontado como o responsável pelo investimento em Portugal se está a par da gestão da atual administração e se concorda com esta forma de atuação que põe em risco todo um grupo de media e, por acréscimo, o jornalismo em Portugal.
A carta, traduzida para inglês e francês, enviada para todas as filiais do UCAP, da sede na Suíça a agências dos EUA a Singapura ou Dubai. Na missiva, o SJ questiona a estratégia da administração do GMG, nomeadamente a descapitalização do JN, alerta para os efeitos nefastos que um despedimento coletivo pode ter naquele título e na TSF, onde está prevista também uma machadada muito forte nos já escassos recursos humanos de ambos. E tudo isto feito enquanto contrata assessores, consultores e diretores.
O SJ considera incompreensível que uma administração não só despreze como prejudique ativos claramente viáveis e entende que a estratégia da atual comissão executiva poderá pôr em causa todo o grupo GMG, que emprega, dados da empresa, cerca de 500 pessoas.
A carta, na íntegra:
“O Sindicato dos Jornalistas tomou conhecimento de que o Sr. Clément Ducasse é o responsável pelo World Opportunity Fund (WOF), que através do investimento na empresa “Páginas Civilizadas” é acionista maioritário no Global Media Group (GMG), em Portugal. Olhando para o percurso de sucesso do Sr. Ducasse, certamente assente em decisões inteligentes e sensatas, custa-nos entender a gestão da administração nomeada pelo WOF para gerir o GMG.
Contextualizando-o, importa referir que o “Jornal de Notícias” (JN) é um título que historicamente apresenta resultados positivos, pelo que manifestamos a nossa perplexidade ante esta linha orientadora que visa descapitalizar um produto de sucesso, nomeadamente privando-o de um dos seus maiores ativos: os jornalistas. Também na TSF, que poderá ser irremediavelmente afetada pela estratégia da atual administração.
Estamos certos que a experiência e a sabedoria que permitiram ao Sr. Ducasse afirmar-se no competitivo mundo das finanças, ainda antes dos 30 anos de idade, não se coadunam com esta perspetiva básica, que se limita a cortar no capital humano e não permite gerar riqueza. Pelo contrário, empobrece-nos a todos.
Do ponto de vista do Sindicato dos Jornalistas, é incompreensível que uma administração não só despreze como prejudique ativos claramente viáveis, ainda por cima diferenciados, tanto no GMG como no país, como é o caso do JN e da TSF.
Incrédulos com as atitudes da atual administração em relação ao “Jornal de Notícias”, como é exemplo o recente anúncio de um despedimento coletivo que iria afetar primordialmente o JN, e também uma rádio com o prestígio e qualidade da TSF, ousamos escrever ao Sr. Ducasse e questioná-lo relativamente a dois pontos que consideramos essenciais:
1.Está ao corrente e tem acompanhado os atos desta gestão?
2.E em caso afirmativo, dá o seu aval a esta estratégia de diminuir e desprezar um produto ímpar, com um capital humano único?
Certos de que a sua fortuna e a sua fama nos negócios da alta finança não são obra do acaso, mas antes o resultado de inteligência e experiência, apelamos ao Sr. Clément Ducasse que olhe com atenção para as ações da atual administração do GMG e que reequacione este percurso, que, no nosso entender, poderá pôr em causa todo o grupo, ao descapitalizar um ativo com a força do “Jornal de Notícias” e “silenciar” uma rádio com o prestígio e qualidade da TSF.
Com os melhores cumprimentos,
A direção do Sindicato dos Jornalistas de Portugal”