Um tribunal de Kiev, na Ucrânia, decidiu congelar os recursos financeiros da única estação televisiva da oposição, o Kanal 5, na sequência de uma queixa de difamação, o que a vai impedir de trabalhar precisamente a duas semanas das eleições presidenciais, no dia 31.

As contas bancárias da estação foram congeladas a 18 de Outubro na sequência de uma acção legal movida pelo deputado independente Volodymyr Sivkovitch contra um dos proprietários do Kanal 5, o deputado da oposição Petro Porochenko.

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que considerou a decisão do tribunal “completamente anómala e muito inquietante”, acrescentou ainda ser “inaceitável que uma estrutura noticiosa e os seus jornalistas tenham de pagar por uma disputa política entre dois parlamentares”.

A RSF revelou ainda “ter esperança de que, no recurso, o sistema judicial retroceda na medida decretada, já que esta é despropositada e pode ter consequências desastrosas para a diversidade informativa na Ucrânia”.

Entretanto, Volodymyr Sivkovitch revelou que não pretende mover nenhuma “guerra contra os jornalistas” mas que congelar as contas bancárias do Kanal 5 era a única forma de obrigar Petro Porochenko a retractar-se.

Porém, Vladislvav Liassovski, administrador do Kanal 5, descreveu à agência France Presse o caso como tendo contornos políticos, já que “o Kanal 5 é a única estação do país que divulga os pontos de vista do Governo e da oposição, algo que desagrada a quem está no poder”.

Também Andriy Chevchenko, director de informação da estação, disse à RSF que o Kanal 5 tem muitas dificuldades de difusão em algumas províncias, sobretudo na zona Leste do país, de onde é oriundo o actual primeiro-ministro e candidato presidencial Viktor Ianoukovitch.

Para Andriy Chevchenko, há razões políticas por detrás da recusa de diversas operadoras regionais em permitir a difusão de programas do Kanal 5, estação que, no passado dia 14, sofreu outro revés, ao perder a licença de difusão na região de Kiev.