O canal espanhol CNN+, que transmitia informação 24 horas por dia, alterou substancialmente a sua grelha, passando a emitir continuamente o reality show Gran Hermano, uma decisão que mereceu duras críticas da Federação de Sindicatos de Jornalistas de Espanha (FeSP) ao grupo Telecinco, detentor do canal.

De acordo com a FeSP, esta mudança drástica coloca em risco de despedimento cerca de 200 trabalhadores, não se incluindo nesse grupo os responsáveis máximos pela medida – Juan Luis Cebrián e Manuel Polanco –, recolocados no Conselho de Administração da Telecinco depois de a Prisa ter entregue os seus canais em sinal aberto àquela empresa detida pelo grupo Mediaset, de Silvio Berlusconi.

Considerando a medida como “lamentável para o direito dos cidadãos à informação”, a FeSP apelou a todos os profissionais da comunicação para que se organizem dentro das empresas contra a precariedade e a desinformação, pois essa é “a única forma de evitar estas aberrações empresariais”.

Para a organização sindical, esta é “uma prova de que alguns empresários se interessam cada vez menos pelo direito dos cidadãos à informação e pretendem exclusivamente ganhar dinheiro, desrespeitando inclusivamente as normas deontológicas mais elementares da profissão jornalística”, além de demonstrar que a Lei Geral da Comunicação Audiovisual vigente em Espanha é inadequada para defender o pluralismo.

“Este problema não se vai resolver com encontros banais com os proprietários dos meios, que só procuram ajudas para o seu negócio, nem tão pouco com simples declarações de preocupação dos jornalistas. A única forma de evitar estas aberrações empresariais é que os trabalhadores da comunicação, organizados dentro das empresas, defendam os seus postos de trabalho e o direito dos cidadãos à informação”, garante a FeSP, acrescentando que “a pior reacção perante esta situação é a resignação e o desejo de que a próxima bofetada da crise não nos acerte”.