Autoridades ucranianas na mira da FIJ

O “padrão inexorável de repressão” para com os média e a “morte suspeita” do jornalista Yuriy Chechyk num acidente de viação, levaram a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) a questionar o real empenho do governo ucraniano para com a liberdade de imprensa e a democracia.

A 3 de Março, o Centro Estatal de Frequências Rádio da Ucrânia ordenou uma acção policial contra as instalações da Radio Kontynent, estação associada da Radio Free Europe/Radio Liberty em Kiev, que resultou no encerramento da estação e na detenção de três pessoas.

Esta emissora tinha ficado com a emissão em FM do serviço da Radio Liberty a seu cargo, depois de no mês passado este ter sido suspenso pela Radio Dovira, sob suspeitas de pressão política.

Serhiy Sholokh, director da Radio Kontynent, já disse que vai levar o caso aos tribunais locais, assim como ao Tribunal Europeu dos Direitos Humanos.

Também a 3 de Março, morreu num acidente de viação suspeito o director da Radio Yuta, Yuriy Chechyk, que estava a tentar ajudar a Radio Liberty a encontrar uma solução para emitir em FM, após o encerramento da Radio Kontynent.

Uma vez que este não é o primeiro caso de acidentes de viação suspeitos com importantes opositores do regime, a FIJ instou o governo de Leonid Kuchma a “limpar o ar acerca desta e outras mortes”, relembrando os vários casos que continuam por resolver no país e que preocupam a organização.

São eles: a morte bizarra do repórter Volodimir Karachenzev, que foi encontrado pendurado na pega de um frigorífico em Dezembro de 2003; o acidente de viação que vitimou em 2003 Vladimir Efremov, chefe de redacção do jornal independente “Sobor”, pouco antes de testemunhar no julgamento do ex-primeiro-ministro Pavlo Lazarenko, acusado de fraude; a morte em Janeiro de 2003 do jornalista Serhiy Naboka, da Radio Liberty, num quarto de hotel; o enforcamento de Mikhailo Kolomiets, fundador da agência de notícias Ukrainsky Novyny, na Bielorússia em Outubro de 2002; e a não resolução do assassinato do jornalista de investigação Georgy Gongadze, ocorrido há três anos na sequência de revelações de corrupção no seio do governo.

Aliás, o presidente Leonid Kuchma é suspeito de estar directamente implicado nas circunstâncias da morte de Georgy Gongadze, que foi o fundador do jornal on-line Ukrainska Pravda, o qual trabalha de perto com a Radio Kontynent.

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