Autoridades encerram rádio no Uganda

O Conselho de Radiodifusão do Uganda encerrou a 11 de Agosto a KFM, depois desta estação de rádio ter transmitido um talk-show acerca da queda do helicóptero que vitimou o vice-presidente sudanês John Garang a 30 de Julho.

Esta suspensão surgiu um dia depois do presidente Yoweri Museveni ter ameaçado encerrar quaisquer órgãos que “brincassem com a segurança regional”, e criticou especialmente Andrew Mwenda, jornalista responsável pelo programa, por este abordar assuntos como o Movimento de Libertação Popular de Garang, o exército do Uganda e outros temas regionais.

Durante o programa transmitido na noite de 10 de Agosto, Andrew Mwenda criticou as ameaças do presidente contra a comunicação social e não se coibiu de abordar as questões “proibidas” por Yoweri Museveni.

Segundo o jornalista, o Conselho de Radiodifusão disse que o programa violou um artigo da lei da rádio que proíbe relatos que “violem a moralidade pública ou promovam uma cultura de violenta discriminação étnica” ou que “sejam passíveis de criar violência ou insegurança públicas”, acusações que Andrew Mwenda rejeita.

Ann Cooper, directora-executiva do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) afirma que “Andrew Mwenda estava apenas a fazer o seu trabalho, contribuindo para o debate num assunto de interesse público, e é inadmissível que as autoridades tenham respondido com a censura do órgão de informação”, o que a levou a instar à reabertura imediata e incondicional da KFM.

O despenhamento que vitimou John Garang tem sido muito comentado no Uganda, pois o helicóptero pertencia a Yoweri Museveni e estava a regressar ao Sudão depois de um encontro do vice-presidente do Sudão com o presidente do Uganda.

Aliás, o próprio Yoweri Museveni já levantou publicamente dúvidas sobre a acidentalidade do despenhamento do helicóptero, contradizendo assim as declarações oficiais das Nações Unidas e de outros observadores.

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