Arguidos no caso Politkovskaya ilibados

Os três arguidos no processo judicial que tenta apurar os responsáveis pelo assassinato da jornalista russa Anna Politkovskaya, morta em Outubro de 2006 à porta da sua casa em Moscovo, foram ilibados pelo tribunal, motivando “a fúria e a consternação” dos jornalistas russos, segundo a Federação Internacional de Jornalistas (FIJ).

“Os líderes russos prometeram que o assassinato de Anna Politkovskaya seria vingado, mas uma combinação de incompetência vergonhosa e complacência oficial levaram a um fracasso na administração da justiça à família e aos colegas de Politkovskaya”, afirmou Aidan White, secretário-geral da FIJ, acrescentando que “a impunidade reina na Rússia” e a prova é que “os assassinos e os mandantes do crime continuam à solta”.

Por seu turno, Vsevolod Bogdanov, presidente do Sindicato Russo de Jornalistas, encara o que sucedeu neste caso como “uma vergonha para as autoridades”, frisando que a situação actual dos média no seu país está “muito longe dos tempos eufóricos de início da década de 1990, em que o público falava muito na liberdade de expressão e os média eram descritos como o quarto poder”.

Já o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) disse respeitar a decisão do júri em ilibar os três arguidos com base nas provas apresentadas pelos procuradores, mas lamentou que a impunidade prossiga e instou as autoridades a “investigarem todas as pistas, reunirem provas sólidas e levarem todos os culpados pelo assassinato perante a justiça”.

No mesmo sentido se pronunciou o Instituto Internacional de Imprensa (IPI), que apelou às instituições judiciais russas para que intensifiquem a busca dos assassinos e dos mandantes, pois “só assim poderá o sistema de justiça russo reter alguma credibilidade”.

Quem também criticou o funcionamento da justiça neste caso foi a Repórteres Sem Fronteiras (RSF), que classificou a investigação de “incompleta” e o julgamento de “prematuro”, além de envolto em “irregularidades, inconsistências e falta de transparência, com o público a ser repetidamente impedido de assistir”.

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