Apoio aos trabalhadores afastados do Janeiro

A forma inqualificável como a administração do jornal “O Primeiro de Janeiro” se pretende descartar dos trabalhadores que estavam ao seu serviço, entre os quais 32 jornalistas, tem suscitado diversas manifestações de solidariedade.

Deputados do PCP, do Bloco de Esquerda e do PS, bem como a União dos Sindicatos do Porto, manifestaram nos últimos dias o seu repúdio pela actuação da empresa detentora do matutino portuense.

A União dos Sindicatos do Porto/ CGTP-IN, divulgou um comunicado em que, para além da “profunda solidariedade” aos trabalhadores, sublinha que a forma como estão a ser tratados é reveladora de uma situação que se tornou “habitual nos mais variados sectores de actividade, onde a arrogância e prepotência patronais impõem as maiores arbitrariedades, insensíveis aos dramas humanos e sociais que as suas decisões provocam”.

Denunciando tais comportamentos como “inaceitáveis”, a USP apela aos trabalhadores de “O Primeiro de Janeiro” e de todas as empresas do distrito para que “resistam e lutem pelos seus empregos e direitos”.

Também o deputado socialista Fernando Jesus pediu às autoridades competentes que fiscalizem a forma como os jornalistas de “O Primeiro de Janeiro” foram despedidos.

Numa carta enviada aos trabalhadores do jornal, e a que a Lusa teve acesso, o parlamentar, que é o coordenador dos deputados socialistas eleitos pelo Porto, critica o “comportamento inqualificável dos proprietários do jornal O Primeiro de Janeiro na forma como conduziram o despedimento de jornalistas e trabalhadores deste centenário matutino”.

Segundo Fernando Jesus, os proprietários do jornal “acabam de manchar de forma indelével o nome e o prestígio que o Janeiro granjeou ao longo de mais de um século no panorama da imprensa portuguesa”. Para o deputado, é “realmente muito doloroso verificar como os proprietários dum jornal com o historial e pergaminhos deste matutino, por razões ainda não totalmente esclarecidas, têm o despudor de tratar os seus trabalhadores com atitudes que atentam contra todos os valores da dignidade humana”.

Recorda-se que a anterior directora do jornal, Nassalete Miranda, anunciou, no final de Julho, que o jornal cessaria a sua publicação durante o mês de Agosto “para modernização em termos gráficos e de conteúdo”. Um dia depois, a administração tentou que os trabalhadores aceitassem cartas anunciando a extinção dos postos de trabalho por reestruturação da empresa detentora do título, o que estes rejeitaram.

Nesse mesmo dia, a empresa Fólio – Comunicação Global, Lda, proprietária do jornal, colocava nas bancas uma edição do diário portuense produzida pelos 10 trabalhadores do “Norte Desportivo”, suplemento desportivo das anteriores edições do centenário jornal do Porto.

Até ao momento, a empresa continua sem cumprir os seus deveres com os trabalhadores, não pagando os créditos que lhes são devidos nem dando quaisquer explicações. O caso está a ser acompanhado, desde o primeiro momento, pelo Sindicato dos Jornalistas.

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