Ana Barradas apresenta “Dicionário de Mulheres Rebeldes”

O livro “Dicionário de Mulheres Rebeldes”, da autoria de Ana Barradas, é apresentado hoje, 15 de Dezembro, pelas 21h30, no Café Experimental, em Setúbal.

A apresentação da obra, que reúne 704 esboços biográficos de mulheres de vários tempos e nacionalidades que lutaram em prol da igualdade de direitos na esfera pública e privada, estará a cargo da jornalista Helena de Sousa Freitas.

Ana Barradas começou a abordar este tema entre 1992 e 1997 na coluna “Histórias de Mulheres” da revista “Política Operária”, onde é redactora, tendo em 1998 editado pela Antígona o “Dicionário Incompleto de Mulheres Rebeldes”, entretanto esgotado e que tem uma versão actualizada neste volume publicado pela Ela por Ela.

Embora pretendendo abordar sobretudo as feministas cujo trabalho permanece menos divulgado, Ana Barradas incluiu no “Dicionário de Mulheres Rebeldes” figuras reconhecidas como Ana de Castro Osório, Maria Teresa Horta ou Maria Lamas.

A obra salienta o papel destas e de outras figuras na emancipação do género feminino ao longo de muitas décadas, mostrando que as mulheres têm defendido direitos para si – como o direito ao voto –, mas também direitos para outras “minorias”, como o foram no passado os escravos.

A intenção do livro é, como se lê na introdução, “celebrar o desejo de revolta, o espírito pioneiro, os feitos inéditos e criativos, a dinâmica subversiva, a fuga à norma, enquadrando-os o mais possível num contexto de época, para tomar mais transparentes as causas, as motivações e os efeitos dessas atitudes quase sempre assumidas à custa de enormes doses de coragem”.

“Muitas destas mulheres de que falo estão presentes neste livro porque me cruzei com elas, vieram em meu socorro, fizeram-me sinal, “encontrei-as” no meu caminho ao longo dos anos, umas por acaso, outras nem tanto”, explica Ana Barradas na introdução, esclarecendo que a obra que agora se publica não pretende “abranger todas as épocas, todas as culturas, todos os meios sociais, todas as profissões”.

A autora lamenta que algumas dessas mulheres continuem “a ocupar posições obscuras na história dos homens e nos registos que chegaram até nós, em resultado da sistemática desvalorização de tudo quanto é feminino e contra a norma vigente”, mas alerta que nem por isso elas são “menos dignas de nota”. Pelo contrário, “esse anonimato cativa-me, faz-me senti-las mais próximas, mais irmãs de todas as mulheres desconhecidas”, conclui.

Ana Barradas nasceu em Moçambique em 1944, iniciou a actividade política fundando com outros jovens a Pró-Associação dos Estudantes do Ensino Secundário, em Lisboa. Na África do Sul e em Moçambique desenvolveu actividades anticolonialistas até finais dos anos 1960.

Em Portugal fez parte da Comissão de Apoio aos Presos Políticos e, após o 25 de Abril, aderiu à União Democrática Popular e foi fundadora e activista da então denominada União das Mulheres Antifascistas e Revolucionárias (UMAR).

Traduziu mais de 80 obras, entre as quais livros de Jack London e Noam Chomsky, e é autora de diversos títulos, entre os quais “Ministros da Noite – Livro Negro da Expansão Portuguesa”, “O Império a Preto e Branco”, “As Clandestinas e Comores” e “Ilhas da Lua”.

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