A necessidade da mediação do jornalista debatida em Espanha

Sob o tema “Velhos e novos meios: a necessária mediação do jornalista”, realizou-se entre 4 e 6 de Maio, em Lugo, a V Convenção de Jornalistas de Espanha. Em foco esteve o Estatuto do Jornalista Profissional, um projecto legislativo que tem vindo a ser protelado pelo governo espanhol.

Organizada pelo Fórum de Organizações de Jornalistas (FOP), que integra três estruturas sindicais – Federação de Sindicatos de Jornalistas (Fesp), Agrupamento Geral de Jornalistas da UGT (AGP-UGT) e Agrupamento de Jornalistas da CCOO – e os colégios de jornalistas da Catalunha e da Galiza, a convenção debateu cinco documentos e abordou temas paralelos, igualmente importantes para a classe.

Na comunicação “Fundamento constitucional da função de informar e a necessidade do jornalista profissional”, Victor Sánchez, da AGP-UGT, sublinhou o facto de o Estatuto do Jornalista Profissional correr o risco de não ser aprovado nesta legislatura, dado restarem poucos meses de período legislativo e a tramitação do projecto ter vindo a ser muito lenta no parlamento, por falta de coragem do executivo de Zapatero.

Por seu turno, Luis Alvarez Pousa, do Colégio de Jornalistas da Galiza, defendeu na intervenção “Os jornalistas, intermediários necessários” que o jornalismo, enquanto profissão, deve “retomar o papel político” que já teve, “contrariando o discurso técnico das modernas empresas de comunicação (e dos seus editores/proprietários) que advogam obsessivamente uma neutralidade aparente, sem referentes éticos”.

Em representação da Fesp, Dardo Gómez expôs os “Elementos que atentam contra a mediação do jornalismo”, que vão desde a precariedade laboral à concentração dos meios, passando pelo impacto directo das agências de comunicação nas rotinas informativas dos média, e instou os legisladores espanhóis a aprovarem o Estatuto do Jornalista Profissional.

No mesmo sentido foi a intervenção de Carmen Rivas, da CCOO, sobre “Presente e futuro da rádio televisão”, que instou o FOP a empreender uma campanha de sensibilização sobre o direito à informação dirigida à sociedade civil e a preparar e organizar a mobilização dos trabalhadores dos meios de comunicação em defesa do Estatuto do Jornalista Profissional, de modo a que seja aprovado nesta legislatura ou na próxima.

Os participantes na Convenção abordaram também as relações entre “Jornalismo, publicidade, propaganda”, o trabalho das jovens jornalistas nos meios de comunicação, e denunciaram atropelos vários ao exercício do jornalismo em órgãos como a RTVM, a RTVV, a Televisión de Canarias, a TVG e do grupo La Región.

A V Convenção de Jornalistas de Espanha aprovou ainda uma resolução em que se repudia o facto de a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) “meter no mesmo saco” a ETA e o Conselho Audiovisual da Catalunha, e se critica a Associação de Editores de Diários Espanhóis por pretender apropriar-se dos direitos de autor que as empresas de clipping estão dispostas a pagar aos jornalistas.

O Sindicato dos Jornalistas (SJ) esteve representado na Convenção pelo presidente da Direcção, Alfredo Maia.

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