Empresários e sindicatos à procura de soluções para a crise

Sala cheia no debate entre António Saraiva, presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), e Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP-IN, promovido pelo Sindicato dos Jornalistas na noite do dia 8 de Junho. De acordo quanto à “falência” da concertação social, empresários e sindicatos têm marcados encontros bilaterais para procurarem soluções com vista a atenuar a crise.

António Saraiva e Carvalho da Silva não pouparam nas críticas à concertação social com o primeiro a afirmar que aquela “está esvaziada de diálogo”. “O Governo surge nela para cumprir calendário e informar o que previamente já disse à comunicação social”, referiu, numa opinião secundada pelo líder da maior central sindical portuguesa. Uma realidade que levou CIP e CGTP-IN a agendarem encontros bilaterais para discussão dos temas que marcam a actual realidade económica do País.

Em desacordo por diversas vezes, mormente no que respeita ao papel dos sindicatos, o presidente da CIP e o secretário-geral da Intersindical traçaram o retrato da economia do País e o papel do Governo na procura de uma alternativa ao actual modelo de crescimento económico. “Não temos um Ministério da Indústria, nem do Turismo embora pareça ser este o sector a privilegiar, e temos um inexistente Ministério da Economia”, considerou António Saraiva, acrescentando que o modelo de desenvolvimento que os empresários defendem passa pela inovação, tecnologia, saber, know-how, mas também pela própria visão dos empresários, muitos deles “com baixas qualificações”.

Enquanto António Saraiva defendeu que “mais importante que discutir a crise é arranjar soluções”, Carvalho da Silva considerou que é fundamental encontrar as causas e os responsáveis por esta para dela se sair, mas advertiu: “Portugal não tem saída para a crise com os actuais espartilhos da União Europeia”, disse. Questionado se a solução passaria por o País deixar de estar na UE, o líder da CGTP-IN foi claro: “Empurrar o País para fora da UE equivaleria a uma declaração de guerra”.

Considerando ser necessária a mobilização para enfrentar as medidas de austeridade, a precariedade e o desemprego, Manuel Carvalho da Silva enunciou as diferentes lutas que por toda a Europa se estão a desenrolar e anunciou para o dia 29 de Setembro uma manifestação europeia a realizar em Bruxelas.

No debate moderado pela jornalista Helena Garrido houve ainda espaço para diversas intervenções da plateia constituída maioritariamente por jornalistas. Na resposta às questões colocadas, António Saraiva apontou o dedo à “falta de supervisão e de regulação do mercado”, apelidando-a de “lamentável”. Confrontado com os lucros apresentados pelas grandes empresas, o presidente da CIP reconheceu que aquelas “não precisam da CIP porque têm as suas próprias vias, directas, de chegar ao poder”.

Carvalho da Silva, por sua vez, aludiu ao esgotamento da política. “Quando a política se esgota vem o descalabro e este é um problema europeu sério”, disse.

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