Jornalista sudanês raptado e decapitado

O corpo de Mohammed Taha, chefe-de-redacção do diário sudanês “Al-Wifaq”, foi encontrado decapitado a 6 de Setembro, depois do jornalista ter sido raptado na noite de terça-feira em Cartum por homens armados.

Antigo membro da Frente Islâmica Nacional, o jornalista de 50 anos republicou em 2005 um artigo retirado da Internet e baseado num manuscrito com mais de cinco séculos, onde se questionava a linhagem de Maomé, o que levou o grupo fundamentalista Ansar al-Sunnah a apresentar queixa às autoridades.

Na sequência dessa queixa, o chefe-de-redacção do “Al-Wifaq” esteve detido durante vários dias, foi obrigado a pagar uma multa de 8 milhões de libras sudanesas (cerca de três mil euros), o seu jornal foi encerrado durante meses e diversos manifestantes exigiram mesmo a condenação de Mohammed Taha à morte por blasfémia e insultos ao Islão, uma pena que está prevista nas leis do Sudão.

Além do artigo em causa, Mohammed Taha também era conhecido pelas suas críticas à oposição política no Sudão e aos grupos armados que actuam na região de Darfur.

O assassinato suscitou protestos do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e de vários jornalistas sudaneses, que se juntaram na morgue de Cartum para exigir protecção governamental para os profissionais da comunicação social.

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