46,5% dos jornalistas freelancers com menos de 505 euros por mês

Dezenas de jornalistas participaram no Encontro Nacional de Freelancers. Além de ouvir queixas e propostas de solução, o SJ divulgou ontem os resultados de um questionário aos freelancers.

Cerca de três dezenas de pessoas estiveram presentes na sede nacional do Sindicato dos Jornalistas (SJ) para o Encontro Nacional de Jornalistas Freelancers, que decorreu esta quarta-feira, 1 de Julho. Muitas outras acompanharam o debate através da transmissão em directo na internet. Foi o primeiro encontro de jornalistas freelancers promovido pelo SJ desde 2008.

Além de ouvir queixas e propostas de solução, o SJ divulgou ontem os resultados do questionário realizado entre Maio e Junho junto dos 252 jornalistas freelancers sindicalizados. O questionário obteve 77 respostas. A média de idades é de 41 anos; 61,3% são homens; 42,7% têm licenciatura e 25,3% frequentaram o ensino superior; vivem na sua maioria nos distritos de Lisboa e do Porto; e exercem a profissão, em média, há 17 anos.

38,5% consideram-se jornalistas freelancers, no sentido de trabalhadores independentes; 13,2% consideram-se jornalistas precários; e 31,6% consideram-se ambas as coisas.

Para a maioria dos inquiridos (46,5%), a média mensal de rendimentos, em valor bruto, é inferior ao salário mínimo nacional, ou seja, 505 euros. Apenas 16,9% dizem ter rendimentos superiores a mil euros por mês.

82,2% trabalham a partir de casa e 98,7% consideram positiva a criação de uma campanha de sensibilização de editores e directores para as contingências do trabalho dos jornalistas freelancer.

“Há um grande jornal desportivo português a pagar 40 euros por serviço aos fotojornalistas freelancers, quando o fotojornalista leva na mão 30 mil euros em equipamento”, denunciou um dos participantes. A ausência de resposta e de interesse dos editores nas propostas dos freelancers foi igualmente criticada.

Jornalistas sugeriram reuniões com os grupos parlamentares e com representantes do próximo Governo, no sentido de defender os interesses da classe. O pagamento dos direitos de autor foi uma das ideias-chave, assim como a necessidade de remuneração das empresas e dos jornalistas por parte dos serviços agregadores e indexadores de notícias na internet.

“O sindicato deveria sensibilizar os órgãos de polícia criminal, as autoridades hospitalares e outras para a criação de condições dignas de acesso dos jornalistas às fontes, o que beneficiaria sobretudo os freelancers, que não estão ligados directamente a um órgão de comunicação”, sugeriu um jornalista, defendendo ainda a alteração do artigo 29º da Lei de Imprensa sobre a responsabilidade criminal dos jornalistas.

A actuação do Clube Nacional da Imprensa Desportiva (CNID) foi alvo de discussão acesa. “O CNID não pode emitir um título que valha o mesmo que a carteira profissional de jornalista”, queixaram-se vários fotojornalistas presentes.

Referiam-se aos coletes vendidos pelo CNID a “todas as pessoas” que queiram fotografar jogos de futebol. O “negócio” do CNID recolheu a crítica unânime dos presentes, tendo sido esclarecido que a informação oficial daquele organismo é a de que são vendidos coletes a todos os portadores de carteira profissional de jornalista ou título equiparado.

“Tal como há 20 anos os jornalistas fizeram black out à cobertura da Assembleia da República, o mesmo poderia acontecer neste caso em relação à primeira liga de futebol”, sugeriu um jornalista.

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