Em apenas um mês as autoridades do Senegal detiveram quatro jornalistas por alegadas ofensas ao presidente ou por colocarem em risco a segurança nacional, uma situação criticada pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que apelou ao fim da opre
Condenamos esta onda de julgamentos e detenções brutais, afirmou o responsável da FIJ em África, Gabriel Baglo, instando o governo a libertar imediatamente todos os jornalistas detidos e conceder-lhes a oportunidade de um julgamento justo.
A detenção mais recente ocorreu na manhã de 7 de Novembro e afectou El Malick Seck, editor do sítio Rewmi.com. Segundo fontes da FIJ, a acção policial prende-se com comentários colocados por cibernautas no Rewmi.com em reacção à reprodução de uma notícia do LObservateur sobre a nova limousine do presidente Abdoulaye Wade, num momento em que o país atravessa uma crise económica.
A mesma referência à crise económica já tinha estado na origem da detenção, a 1 de Novembro, de Pape Amadou Gaye, editor do diário Le Courrier du Jour, que escreveu num artigo que só os militares tinham capacidade de intervir no sentido de resolver a situação económica do país, sendo acusado de incitação à rebelião contra as instituições, actos prejudiciais à segurança do Estado e insultos ao presidente.
Também acusados de insultos ao chefe de Estado estão Moussa Guèye e Pape Moussa Doukar, jornalistas do LExclusif, detidos a 8 e 9 de Outubro, respectivamente, depois de o seu jornal ter publicado um artigo sobre as escapadas nocturnas do presidente, sem entrar em pormenores sobre o que acontecia nessas viagens.
Além destes quatro jornalistas, a FIJ refere um quinto profissional Abdou Latif Coulibaly que foi detido por difamação após a publicação de um livro em que acusa funcionários da Lotaria Nacional Senegalesa de desvio de fundos daquela instituição estatal.
O julgamento deste jornalista iniciou-se a 11 de Setembro mas a sua continuação foi adiada até 18 de Dezembro, mantendo-se o jornalista detido até lá, algo que a par das outras detenções realizadas a FIJ considera fazer parte de uma estratégia de intimidação da classe.