Militares norte-americanos detiveram, a 8 de Agosto, em Ramadi, no Iraque, Ali Omar Abrahem al-Mashhadani, fotojornalista freelance ao serviço da Reuters, sem que qualquer explicação tenha sido dada para a detenção e sem permitir o contacto com o profissional iraquiano.
Ali Omar Abrahem al-Mashhadani tem estado detido na prisão de Abu Ghraib porque, durante uma rusga dos marines norte-americanos ao seu bairro, os militares não gostaram de algumas imagens que o fotojornalista tinha nas suas câmaras e no computador e decidiram detê-lo e mantê-lo incontactável durante 60 dias.
“As autoridades norte-americanas têm de explicar de forma credível quais os fundamentos para a detenção de Ali Omar Abrahem al-Mashhadani e outros jornalistas que estão detidos sem acusação, ou então libertá-los imediatamente”, exigiu Ann Cooper, directora-executiva do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ).
Detenções frequentes
A detenção de jornalistas sem quaisquer acusações ou explicações oficiais tem sido rotineira entre as forças militares norte-americanas e iraquianas, tendo alguns profissionais chegado a ficar detidos durante meses.
Em 2004, a Reuters revelou mesmo que três dos seus funcionários iraquianos foram sujeitos a abusos sexuais e humilhações após terem sido presos por tropas norte-americanas perto de Falluja, quando se encontravam a cobrir a queda de um helicóptero dos Estados Unidos.
O caso foi encerrado em Março deste ano pelo Pentágono sem que, segundo a Reuters, tivesse sido levada a cabo uma investigação completa e credível, já que os três profissionais não foram ouvidos.
Dois meses depois, em Maio, várias organizações de defesa da liberdade de imprensa questionaram a detenção continuada de oito jornalistas acusados de representarem “um risco de segurança para o povo iraquiano e para as forças da coligação”, mas sem que nada de concreto lhes fosse apontado. Até hoje não se sabe quantos deles continuam sob custódia.
Criticando a actuação das tropas dos EUA estacionadas no Iraque, a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) afirma que “a decisão de prender um jornalista só pode ser tomada excepcionalmente”, pois os jornalistas que estão no Iraque já de si correm grandes riscos no terreno, como se comprova pelas mais de 60 mortes que ocorreram no seio da classe desde a invasão norte-americana, em Março de 2003.