Trabalhadores denunciam tratamento discriminatório no “El Mundo”

O Comité de Empresa da Unidad Editorial Información General, editora do jornal “El Mundo” declarou-se surpreendida pelas contratações efectuadas pela direcção, recusando-as, devido aos valores elevados, por serem incompatíveis com o objectivo de redução de despesas implantado há um ano por tal ser, alegadamente, “imprescindível para a viabilidade da empresa”.

Em comunicado, a estrutura considera que todas as medidas que se adoptem para superar a crise e procurar melhores resultados económicos são positivas, porque isso se reflectirá na estabilidade dos postos de trabalho. Por esse motivo, e sem pôr em causa o mérito dos profissionais envolvidos, os trabalhadores não compreendem as duas contratações agora feitas, pois há um ano a empresa despediu dez executivos.

“Dá-se o paradoxo de que eles vêm receber salários elevados e sem cortes (porque quem manda é o preço do mercado), enquanto os trabalhadores e directores que já trabalham no grupo continuam a apertar o cinto a cada mês. Por acaso são menos necessárias as medidas de poupança?”, questionam os trabalhadores.

O Comité critica também a diferença de tratamento dada a 24 pessoas despedidas do “El Mundo” face a uma outra que a empresa voltou a contratar, uma vez que todas aderiram a um programa de saídas voluntárias, recebendo uma indemnização de 20 dias por cada ano de trabalho, na condição de, se ao fim de 12 meses houvesse vaga regressar à empresa ou receber o resto da indemnização (até 42 dias por ano, acrescidos de 10 mil euros).

Todavia, a empresa reintegrou um desses trabalhadores antes do fim do prazo, sem lhe exigir a devolução de qualquer parte da indemnização, algo que a comissão considera discriminatório face aos demais contratos rescindidos e equiparável ao pagamento de umas férias de oito meses.

Alertando para o “profundo desânimo e desmoralização” que as decisões casuístas da direcção estão a causar na equipa, a comissão de trabalhadores disse que, se a empresa vai continuar com decisões deste tipo, irá “pedir à Comissão de Acompanhamento do ERE que reclame à empresa a anulação de algumas das medidas de poupança aprovadas porque, pelo que se vê, parecem já não ser necessárias”.

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