Sigilo profissional ameaçado na Coreia do Sul

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) denunciou hoje as tentativas do Procurador do distrito de Cheongju para apreender cassetes de vídeo, recentemente divulgadas pela cadeia de televisão SBS, comprometedoras para o secretário particular do presidente sul-coreano, Roh Moo-hyun.

“Se os jornalistas forem obrigados a revelar as suas fontes, mais ninguém lhes fornecerá informações. A partir daí, o direito da sociedade a ser informada é posto em causa”, afirma a RFS numa carta ao Procurador Geral da Coreia do Sul, Song Kwang-Soo, divulgada a 12 de Agosto.

Sublinhando que “a ética jornalística protege a confidencialidade das informações”, a RSF faz notar que “a defesa do princípio da protecção das fontes” é uma condição “fundamental para o jornalismo de investigação independente, indispensável à transparência da vida pública”.

Na sua carta, a RSF pede ao Procurador Geral que intervenha no sentido de “suspender as diligências judiciais que obrigariam a redacção da SBS a violar o dever de proteger as sua fontes”.

Segundo relata a RSF, o caso data de 5 de Agosto de 2003, quando o Procurador do distrito de Cheongju ordenou uma busca às instalações da cadeia de televisão privada SBS. Os investigadores solicitaram a um responsável da redacção que lhes entregasse os vídeos e facultasse o acesso ao servidor do sítio da SBS na Internet. Cerca de quarenta empregados da estação impediram fisicamente a busca e a apreensão, nomeadamente, da cassete de vídeo cuja divulgação levou à demissão de Yang Gil-seung, o secretário do presidente. Para o gabinete do Procurador de Cheongju, tratou-se de um delito de obstrução à justiça. Para o responsável pela informação da SBS, Ha Geum-Yeou, os jornalistas limitaram-se a proteger o segredo das suas fontes.

Na semana anterior, a televisão mostrara Yang Gil-seung a jantar na companhia do proprietário de um hotel e de uma casa nocturna, conhecido pelos seus problemas com a justiça, nomeadamente devido a fraude fiscal. Foi uma câmara escondida que filmou Yang Gil-seung, bem como outros membros do partido no poder e antigos companheiros do presidente Roh.

Segundo a RSF, também a Associação de Jornalistas Coreanos se pronunciou sobre esta questão, garantindo que tudo fará para combater os entraves à liberdade de imprensa.

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