RSF denuncia “cancros” da liberdade de Imprensa em África

A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) denunciou os 23 “cancros” da liberdade de Imprensa em África, entre os quais o Presidente da Guiné-Bissau, Kumba Yalá.

Trinta militantes da RSF foram detidos na quinta-feira, 19 de Fevereiro, durante uma manifestação em frente ao Palácio dos Congressos de Paris, onde decorre a cimeira. Os membros da RSF vestiam “t-shirts” com as efígies de cada um dos 23 líderes africanos denunciados pela organização por violarem o direito à informação.

O presidente da Guiné-Bissau, Kumba Yalá, é um dos “cancros” da liberdade de Imprensa e integra uma lista que inclui mais os seguintes líderes: Blaise Compaoré (Burkina Faso); Ange-Félix Patassé (Rep. Centro- Africana); Laurent Gbagbo (Costa do Marfim); Ismaël Omar Guelleh (Djibouti); Issaias Afeworki (Eritreia); Meles Zenawi (Etiópia); Yaya Jammeh (Gâmbia); Lansana Conté (Guiné); T. Obiang Nguema (Guiné Equatorial); Charles Taylor (Libéria); Mouammar Kadhafi (Líbia); Maaouya Ould Taya (Mauritânia); Joseph Kabila (R. D. Congo); Paul Kagame (Ruanda); France-Albert René (Seychelles); Ahmed Tejan Kabbah (Serra Leoa); Omar al-Bechir (Sudão); Mswati III (Suazilândia); Idriss Deby (Chade); Gnassingbé Eyadéma (Togo); Zine el-Abidine Ben Ali (Tunísia); Robert Mugabe (Zimbabué).

“Nestes países, os jornalistas continuam a ser assassinados, presos, agredidos ou ameaçados e os média são regularmente censurados, apreendidos ou proibidos. As leis sobre a Imprensa são frequentemente liberticidas e as autoridades convivem mal com as críticas da Imprensa independente ou da oposição. No entanto, esses 23 Estados assinaram inúmeros tratados e textos internacionais garantindo a liberdade de expressão”, afirma a RSF.

Para a organização, a França e os países africanos que respeitam a liberdade de Imprensa deviam colocar esta questão na cimeira , que termina hoje, 21 de Fevereiro, e utilizar a sua influência para que a liberdade de expressão exista em todo o continente.

A RSF exigiram ainda a libertação dos 36 jornalistas que estão presos em países africanos. A Eritreia, onde estão detidos 18 jornalistas, é o país do mundo onde mais profissionais foram privados da liberdade. O jornalista líbio Abdullah Ali al-Sanussi al-Darrat está detido sem culpa formada há 30 anos e é o jornalista preso há mais anos em todo o mundo, desconhecendo-se onde se encontra e quais as condições em que está detido.

A impunidade pelos homicídios de jornalistas é a regra em muitos países africanos e a recente condenação dos assassinos do jornalista moçambicano Carlos Cardoso não pode fazer esquecer os casos não resolvidos.

A organização lembra que não são apenas os detentores do poder a proibir a liberdade de Imprensa e que muitos movimentos rebeldes, milícias, movimentos confessionais e militantes da oposição atacam frequentemente os jornalistas, como aconteceu recentemente na Nigéria e na Costa do Marfim.

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