A suspeição de que Timor-Leste estaria a negociar a compra de armas à Coreia do Norte, lançada a 22 de Dezembro por um artigo do jornal “The Daily Telegraph”, do grupo Murdoch, originou uma reacção contundente do ministro dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, José Ramos-Horta.
O Prémio Nobel da Paz acusou o artigo em causa de ser “a peça jornalística mais preconceituosa, irresponsável e sem ética” que já tinha visto, “excedendo mesmo a famosa tradição australiana de jornalismo de sarjeta”.
José Ramos-Horta criticou ainda o facto das acusações do artigo se basearem apenas “numa suposta fonte diplomática em Díli não referida pelo nome” e de não terem sido contactados nem o ministro da Administração Interna, Rogério Lobato, mencionado na peça, nem os gabinetes de imprensa do primeiro-ministro e do ministro dos Negócios Estrangeiros timorenses.
Dizendo partir do princípio de que o autor do artigo não inventou a história, Ramos-Horta estranha também o facto do diplomata em causa preferir espalhar rumores a cumprir os seus deveres diplomáticos e solicitar um encontro com o ministro dos Negócios Estrangeiros para expor as suas preocupações.
Explicando que a visita do representante norte-coreano a Díli se prendeu com a assinatura normal de relações diplomáticas, semelhantes às que Timor-Leste já assinou com mais de 80 estados, o ministro timorense e ex-jornalista afirmou, por fim, que o tipo de escrita e de pensamento presentes no artigo do “The Daily Telegraph” roça o racismo, “pois parte do princípio de que as nações em vias de desenvolvimento não são capazes de pensar e de ter relações adultas e responsáveis com outros países”.