A detenção de Madiambal Diagne, director do diário “Le Quotidien”, sob acusação de publicar documentos secretos e informações falsas, e de ter desacreditado instituições públicas e comprometido a ordem no país, motivou um protesto generalizado da imprensa no Senegal.
A 8 de Julho, o jornalista foi interrogado pela polícia em Dakar, tendo sido questionado acerca de artigos que escrevera e pressionado para divulgar as suas fontes. No dia seguinte, cumprindo a ordem de se apresentar na esquadra, foi de imediato preso.
Madiambal Diagne é acusado com base em dois artigos que escreveu, o primeiro dos quais a 23 de Junho, sobre uma alegada fraude nos serviços alfandegários, onde fazia referência a uma carta enviada pelo ministro das Finanças, Abdoulaye Diop, ao presidente da República, Abdoulaye Wade.
O segundo artigo, saído no “Le Quotidien” a 5 de Julho, acusava o presidente do Senegal e o ministro da Justiça, Sérigne Diop, de enviarem para o interior do país os juízes considerados mais rebeldes, enquanto os menos qualificados iam subindo de posição.
Em protesto contra a prisão do jornalista, os média decretaram a 12 de Julho um “Dia Sem Imprensa”. A maioria dos jornais independentes do país optou por não sair para as bancas, enquanto muitas estações de rádio cancelaram a leitura de noticiários, transmitindo exclusivamente música e notícias sobre a detenção do jornalista.
Além disso, cerca de uma dezena de diários de Dakar publicaram um editorial comum no qual denunciam a prisão de Madiambal Diagne e condenam a violação da liberdade de expressão, e anunciam a sua decisão de não dar cobertura a quaisquer actividades do governo e do Partido Democrático Senegalês (PDS).
Entretanto, também o Sindicato dos Profissionais de Informação e Comunicação do Senegal (SYNPICS), o Conselho para o Respeito da Ética e da Deontologia (CRED), a União de Jornalistas da África Ocidental (UJAO) e a delegação africana da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ-Afrique) exigiram a libertação imediata do jornalista e condenaram esta tentativa de intimidação da liberdade de imprensa que dava ao país uma imagem respeitável.
Reagindo à onda de solidariedade com o jornalista detido, o ministro da Justiça senegalês, Serigne Diop, afirmou que “não há no mundo nenhum país onde a liberdade de imprensa esteja mais garantida do que no Senegal”, e assegurou que cabe à Justiça determinar a culpa ou inocência do acusado.
Já em Outubro de 2003, Sophie Malibeaux, correspondente da Rádio França Internacional (RFI), foi expulsa do Senegal sob a acusação de ameaçar a segurança nacional, por ter difundido uma entrevista com um membro de um grupo separatista da região de Casamance.