Mediaset exige 20 milhões de euros por difamação

A Mediaset, empresa de média da família Berlusconi, colocou a 25 de Novembro uma acção civil exigindo 20 milhões de euros por “danos morais e patrimoniais” aos responsáveis do programa satírico “Raiot”, da estação de televisão italiana RAI 3.

Os visados por esta acção da Mediaset são a RAI, a produtora Studio Uno, a apresentadora e autora Sabina Guzzanti, os outros autores do programa e o director da RAI 3 Paolo Ruffini.

Inspirando-se na actualidade, a humorista satirizou, entre outros, Ariel Sharon, Silvio Berlusconi, a Mediaset e a lei de reforma do audiovisual, o que levou a direcção da RAI a suspender o programa logo na sua primeira edição, por o considerar demasiado político e demasiado irreverente.

Uma semana depois, a estação ameaçou exigir um ressarcimento à equipa de “Raiot” por danos criados pela “continuação” do programa sob a forma de um espectáculo ao vivo, realizado a 23 de Novembro num teatro de Roma.

Esta iniciativa, considerada por Sabina Guzzanti como uma manifestação popular contra a censura de que o programa foi alvo, foi vista por cerca de 20 mil pessoas em mais de 20 cidades, devido à retransmissão em directo em diversas pequenas estações de televisão locais e num ecrã gigante no exterior da sala de espectáculos.

Perante a ameaça da RAI, o secretário-geral da Federação Nacional da Imprensa Italiana (FNSI), Paolo Serventi Longhi, acusou a estação pública e a Mediaset de terem estratégias idênticas para acabar com a liberdade de sátira e intimidar os agentes culturais e jornalísticos italianos.

Desde que foi retirado da grelha de programação, “Raiot” tornou-se um símbolo da censura televisiva em Itália e deu novo alento ao combate contra a Lei Gasparri, cuja votação final, prevista para 26 de Novembro, foi adiada para 2 de Dezembro, enquanto os seus opositores se manifestavam à porta do Senado.

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