Média silenciados na sequência de protestos no Uzbequistão

As autoridades do Uzbequistão silenciaram diversos órgãos de comunicação nacionais e estrangeiros na sequência de protestos anti-governamentais registados a 13 de Maio em Andijan, tendo deixado a população sem notícias independentes sobre o sucedido.

A difusão de informação dos canais CNN, BBC e do moscovita NTV foi bloqueada, o que os impediu de divulgar a acção de cerca de 4000 manifestantes que invadiram a prisão de Andijan, libertando mais de 2000 detidos, e sitiaram o edifício do Governo.

Os portais noticiosos Ferghana.ru, Lenta.ru, e Gazeta.ru, na Internet, ficaram inacessíveis várias horas e a estação radiofónica Didor esteve em silêncio, tendo a agência Reuters revelado que o seu correspondente no local recebeu ordem das autoridades para deixar a cidade, pois caso contrário a polícia não se responsabilizava pela sua segurança.

O mesmo terá sucedido a outros correspondentes e até a repórteres locais, segundo informação da Reuters corroborada pela France-Presse, que acrescenta que diversos jornalistas, incluindo um da própria agência noticiosa francesa, foram detidos e levados depois para fora da cidade.

Segundo o Comité para a Protecção dos Jornalistas, “é inaceitável que o governo bloqueie a difusão de informação precisamente quando esta é mais necessária”.

Os protestos em Andijan subiram de tom ao longo do dia 13, com mais de 50 000 pessoas a saírem para as ruas a exigir a demissão do executivo do presidente Islam Karimov, o que motivou uma intervenção policial de que resultaram pelo menos nove mortos e 34 feridos.

A ira da população contra os seus governantes tem vindo a crescer na sequência do julgamento, sob a acusação de extremismo islâmico, de 23 empresários locais que davam emprego a milhares de cidadãos.

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