Um tribunal civil de Rabat, capital de Marrocos, condenou a 16 de Fevereiro o editor-executivo Abubakr Jamai e o subeditor Fahd Iraqi, ambos do “Le Journal Hebdomadaire”, a pagar uma indemnização de 3,1 milhões de dirhams (284 mil euros) pela difamação do Centro Europeu de Segurança e Inteligência Estratégica (ESISC), uma organização não governamental sediada em Bruxelas.

Além da indemnização – que é a mais elevada de sempre para jornalistas em Marrocos e equivale a cerca de 143 anos de salário mínimo marroquino –, os jornalistas foram sentenciados a publicar os fundamentos da decisão judicial nos semanários “Le Journal Hebdomadaire”, “Maroc Hebdo” e “El Ousboue”. Os advogados de defesa vão recorrer da sentença.

Em declarações à Repórteres Sem Fronteiras (RSF), Ali Amar, editor do “Le Journal Hebdomadaire”, considerou este julgamento como “político”, uma vez que o tribunal não analisou o objecto da queixa – um artigo crítico do jornal para com um relatório do ESISC sobre a Frente Polisário – mas antes a linha editorial do jornal, acusada pelo advogado de acusação de prejudicar a imagem de Marrocos no exterior.

Chocada com esta condenação, a RSF acusou as autoridades marroquinas de estarem a insistir em “silenciar o jornalismo de investigação”, relembrando as penas anteriores contra Ali Lmrabet, proibido de praticar jornalismo durante dez anos, e contra o semanário “Tel Quel”, que foi multado num total de 177 mil euros. A organização catalogou ainda a ESISC como “uma falsa ONG” conivente com os interesses de Rabat.