Jornalistas perseguidos na região etíope de Oromo

O governo etíope parece ter declarado guerra aos jornalistas na região de Oromo, dizimando a profissão, levando vários jornalistas a fugir do país e impedindo a livre circulação de informação, acusa o Instituto Internacional de Imprensa (IPI).

Em carta dirigida ao primeiro-ministro etíope Meles Zenawi, o director do IPI, Johann Fritz, expressa grande preocupação pela situação naquela região e, sobretudo, com a segurança dos jornalistas Dhabassa Wakjira e Shiferaw Insarmu, presos pelas autoridades sob a acusação de passarem informações aos rebeldes da Frente de Libertação de Oromo.

Os dois jornalistas foram inicialmente detidos no final de Abril de 2004, tendo o tribunal ordenado posteriormente a sua libertação sob fiança. Shiferaw Insarmu foi libertado a 9 de Agosto, mas as autoridades mantiveram Dhabassa Wakjira preso, ignorando a ordem judicial.

Dias depois, a 17 de Agosto, Shiferaw Insarmu foi novamente detido e o tribunal voltou a ordenar a sua libertação sob fiança. Depois de ser libertado, o jornalista viu-lhe ser recusado o direito a regressar ao trabalho no serviço televisivo de língua oromo, e acabou por voltar a ser preso a 11 de Janeiro de 2005.

De acordo com jornais etíopes, ambos os jornalistas estão detidos em celas escuras, terão sido alvo de tortura e não têm recebido cuidados médicos.

Com base nestes factos, o IPI considera que as autoridades estão a usar o sistema legal etíope para punir jornalistas enquanto tentam reunir provas de que eles são culpados de alguma coisa, o que é uma inversão dos princípios pelos quais se deve reger um sistema democrático.

Como tal, o IPI apela ao governo etíope para que aceite as decisões do tribunal e liberte de imediato os dois jornalistas, apelando ainda a que as autoridades cumpram os seus compromissos nacionais e internacionais relativamente a uma imprensa livre e aberta.

Ainda segundo o IPI, desde Março de 2004 que cerca de uma dúzia de jornalistas oromo fugiram da Etiópia devido à repressão governamental, refugiando-se na sua maioria em países vizinhos como o Quénia ou o Egipto, onde vivem com medo de represálias das autoridades ou sobrevivem com dificuldade em campos de refugiados das Nações Unidas.

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