Jornalistas nepaleses em defesa da democracia

A Federação Nepalesa de Jornalistas (FNJ) acusou o rei Gyanendra de ter levado a cabo “um golpe contra a democracia”, que “acabou com a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa e outros direitos dos cidadãos que foram conquistados após grande luta e sacrifício”.

Num comunicado transcrito na íntegra pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), a FNJ expressou claramente o seu desacordo com o “enorme erro histórico” do dia 1 de Fevereiro, data em que o rei do Nepal dissolveu o governo e o parlamento e impôs o estado de emergência no país, cortando todas as comunicações com o mundo exterior.

Segundo a FNJ, a “censura da imprensa e a presença do exército nas redacções já começou”, razão pela qual os jornalistas nepaleses crêem ser seu dever lutar “com coragem e determinação” em prol da democracia, da paz, da liberdade nacional, da liberdade de imprensa e do direito do povo nepalês à informação.

A coragem da FNJ e do seu presidente Tara Nath Dahal – que foram os primeiros a condenar a atitude do monarca nepalês – foram aplaudidas pela FIJ, que apelou a uma forte resposta global em defesa da democracia e dos direitos civis no Nepal.

De acordo com uma fonte da FIJ no território, têm-se verificado provas de extrema coragem no seio da imprensa, caso do jornal “Rajhdani”, que publicou nomes de pessoas presas no golpe de 1 de Fevereiro, ou de Tara Nath Dahal, que em declarações à BBC afirmou que os jornalistas estão a preparar uma manifestação, apesar da lei marcial não permitir grupos com mais de cinco pessoas.

Das poucas informações que chegam do Nepal, sobretudo através da BBC, sabe-se que centenas de pessoas foram presas e que os nepaleses que entram no país pela fronteira com a Índia são revistados pelo exército, que procura impedir a entrada de jornais, revistas e outro material impresso no território.

Tara Nath Dahal perseguido

A FIJ anunciou entretanto que o exército nepalês está a tentar deter o presidente da FNJ, Tara Nath Dahal, cuja casa foi já revistada hoje, 4 de Fevereiro, por duas vezes. Felizmente o dirigente sindical não foi encontrado e encontra-se em lugar seguro, refere a FIJ, que volta a apelar à solidariedade internacional para com a luta pela democracia no Nepal.

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