Por ordem do presidente da Assembleia Legislativa da Madeira, seis jornalistas foram esta semana proibidos de entrar no parlamento, a pretexto de a sua indumentária não ser apropriada. A Direcção Regional da Madeira do Sindicato dos Jornalistas, em comunicado divulgado a 18 de Julho, repudia esta manifestação de prepotência.

Três jornalistas do “Diário de Notícias da Madeira” e um da RTP Madeira fora impedidos de entrar no hemiciclo, na sessão de segunda-feira, 17, e ontem o caso repetiu-se com dois repórteres das delegações regionais da RDP e da TSF que pretendiam fazer a cobertura de uma conferência de imprensa do Bloco de Esquerda. Em ambos os casos a justificação invocada foi a mesma: o presidente não admite uso de ténis, sandálias, calças de ganga ou camisolas (excepção feita às mulheres, neste último caso).

Denunciando o excesso de zelo de Miguel Mendonça, presidente do parlamento madeirense, a Direcção Regional da Madeira do SJ “vê estas atitudes de humilhação para com os profissionais da comunicação social como uma forma de desviar as atenções de vários atropelos e violações que se verificam na Assembleia Legislativa: violações ao Regimento, linguagem ofensiva e até ameaças físicas entre deputados.”

É o seguinte o texto, na íntegra, do comunicado da Direcção Regional da Madeira do Sindicato de Jornalistas:

Comunicado

A Direcção Regional da Madeira do Sindicato de Jornalistas constata com apreensão que os jornalistas destacados para a Assembleia Legislativa da Madeira têm sido alvo de excesso de zelo em relação ao seu vestuário por parte do Presidente do Parlamento Madeirense.

Ainda ontem quatro jornalistas foram proibidos de entrar no hemiciclo por não estarem calçados de acordo com critérios impostos pelo Dr. Miguel Mendonça.

A Direcção Regional da Madeira do Sindicato de Jornalistas vê estas atitudes de humilhação para com os profissionais da comunicação social como uma forma de desviar as atenções de vários atropelos e violações que se verificam na Assembleia Legislativa: violações ao Regimento, linguagem ofensiva e até ameaças físicas entre deputados.

Aliás, nesta questão refira-se que se fosse a vedar a entrada a quem estivesse mal vestido ou mal calçado muitos deputados não são exactamente um primor da moda.

Refira-se ainda que em São Bento – a “alma mater” da democracia parlamentar em Portugal – os jornalistas não são proibidos de entrar por causa do calçado nem ninguém anda a olhar-lhes para os pés ou a ver se estão de t-shirt ou camisa de marca.

Por último, se o Presidente do Parlamento Madeirense quer impor regras da corte aos jornalistas deveria previamente informar os órgãos de comunicação social do vestuário que pretende que os jornalistas usem.

Funchal 18 de Julho de 2006.

A Direcção