Jornalistas europeus contra a guerra no Iraque

Os sindicatos europeus de jornalistas manifestaram-se hoje, em Atenas, contra um ataque militar ao Iraque e apelaram à mobilização contra a guerra. O Sindicato dos Jornalistas (SJ) esteve representado por Anabela Fino.

“Os jornalistas europeus, exprimindo as preocupações, os valores e os sentimentos democráticos e pacíficos dos povos da Europa, declaram a sua oposição à guerra iminente e injustificada declarada pelos Estados Unidos contra o Iraque”, lê-se no manifesto dos sindicatos.

A Acrópole de Atenas foi escolhida como palco desta manifestação, pelo seu valor simbólico, enquanto testemunho histórico da cidade onde nasceu a democracia.

O Sindicato dos Jornalistas representou os jornalistas portugueses na manifestação, em que participaram jornalistas de Itália, Alemanha, Finlândia e Chipre. A Federação Europeia de Jornalistas (FEJ) exprimiu a sua solidariedade e esteve representada pelo seu tesoureiro, o alemão Wolfgang Mayer, que apelou ao empenho de todos contra a guerra.

Os jornalistas europeus afirmam, na declaração, que “como jornalistas, resistiremos a qualquer pressão, venha ela dos governos ou de qualquer outra fonte e defenderemos a liberdade de Imprensa, como valor universal dos cidadãos. Opomo-nos ao uso da informação como meio de propaganda”.

É o seguinte o texto integral da Declaração da Acrópole:

A Declaração da Acrópole

Os jornalistas da Europa contra a guerra

“Os jornalistas europeus, exprimindo as preocupações, os valores e os sentimentos democráticos e pacíficos dos povos da Europa, declaram a sua oposição à guerra iminente e injustificada declarada pelos Estados Unidos contra o Iraque.

“Esta situação trágica que foi criada pelo cinismo da única superpotência do planeta, tem causado preocupação e despertou consciências em todo o mundo jornalístico.

“Como jornalistas, resistiremos a qualquer pressão, venha ela dos governos ou de qualquer outra fonte e defenderemos a liberdade de Imprensa, como valor universal dos cidadãos. Opomo-nos ao uso da informação como meio de propaganda.

“Pela mesma ordem de ideias, recusamo-nos a juntar as nossas forças com aqueles que caracterizam como “humanitária” uma guerra que é inaceitável. O povo do Iraque já sofreu as consequências do regime sanguinário, anti-democrático e ditatorial. Isto não pode, de modo algum, servir de pretexto a uma intervenção militar, que causará baixas civis e uma enorme destruição.

“Concordamos com o que foi expresso numa recente declaração pública de 41 cidadãos norte-americanos, todos galardoados com o Prémio Nobel, afirmando que as consequências de um ataque preventivo norte-americano, nos planos da saúde, da economia, do ambiente, da moral, da política e do direito, minarão, em vez de protegerem, a segurança e o prestígio dos Estados Unidos em todo o mundo.

“Como cidadãos europeus, confrontamo-nos com a trágica inabilidade dos líderes europeus para adoptarem uma posição conjunta contra um ataque premeditado e irracional ao Iraque, bem como para assumirem uma iniciativa política capaz de conduzir a um atenuar das tensões e ao evitar de uma guerra devastadora.

“Os jornalistas europeus escolheram a Acrópole, um símbolo de uma cultura antiga, da sabedoria e da democracia, para exprimir a angústia dos cidadãos europeus e a sua oposição a uma guerra iminente.

“Unimos as nossas vozes às de milhões de cidadãos em todo o mundo que se opõem à guerra e a uma nova vaga de terror. Exigimos o direito à vida para todos. A paz tem de estar acima de tudo. Vamos dar mais uma chance à paz”.

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