As autoridades do Uzbequistão expulsaram, a 14 de Maio, jornalistas estrangeiros da cidade de Andijan, onde os confrontos entre forças de segurança e civis que exigem a demissão do presidente Islam Karimov já provocaram várias mortes entre a população.

Equipas de televisão das estações russas Ren TV e NTV que tentavam filmar na cidade foram abordadas pelas autoridades, que lhes confiscaram os documentos por “filmarem sem autorização” e, ao final do dia, os escoltaram até à capital, Tashkent.

Pelo próprio pé, temendo retaliações das forças de segurança, saíram nesse mesmo dia Galina Bukharbayeva, do Institute for War and Peace Reporting, e o correspondente da Reuters Shanil Baygin, que haviam sido detidos a 13 de Maio e libertados na manhã de 14.

Além destes casos, as autoridades continuam a bloquear as emissões televisivas dos canais estrangeiros CNN, BBC e NTV, enquanto os canais nacionais apenas emitem documentários e programas de entretenimento.

Estas restrições ao trabalho jornalístico foram criticadas a 17 de Maio pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ), que instou os Estados Unidos a condenar vigorosamente a atitude das autoridades do Uzbequistão, que são aliadas dos norte-americanos na “guerra contra o terrorismo”.

No entanto, esse pedido dificilmente será atendido pela administração Bush, que nunca se pronunciou claramente contra as violações dos direitos humanos no país e que, depois do presidente Islam Karimov ter afirmado que a actual onda de violência partiu do grupo islamita Hizb ut-Tahrir, classificou prontamente essa organização como “terrorista”.