Jornalistas detidos no Zimbabué

A polícia do Zimbabué deteve durante seis horas, a 23 de Setembro, dois jornalistas e o director-geral do semanário “Zimbabwe Independent”, em virtude de um artigo acerca das razões que levaram ao adiamento do julgamento do líder da oposição, Morgan Tsvangirai.

O editor Vincent Kahiya, o repórter Augustine Mukaro e o director geral Raphael Khumalo foram detidos, levados para uma esquadra de Harare e acusados, ao abrigo da Secção 80 do Access to Information and Protection of Privacy Act (AIPPA), de “publicação de declarações injuriosas para a reputação, direitos e liberdades do Estado, apresentando irresponsavelmente ou maliciosamente ou incorrectamente essa declaração como sendo verdadeira”.

Os jornalistas do “Zimbabwe Independent” – um dos poucos jornais independentes que ainda restam no país de Robert Mugabe – têm de se apresentar novamente na esquadra a 28 de Setembro.

Em declarações ao Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), a advogada de defesa dos jornalistas, Linda Cook, revelou que a queixa partiu do juíz Paddington Garwe, que preside ao julgamento de traição de Morgan Tsvangirai.

Ao que parece, o juíz não gostou que um artigo de 30 de Julho do “Zimbabwe Independent” afirmasse que o julgamento, agora marcado para 15 de Outubro, tinha sido adiado por “outras razões” que não as oficiais.

Fontes do CPJ explicam que esta questão é sensível porque alguns jornais estrangeiros insinuaram que o juíz tinha preparado um veredicto de culpado para Morgan Tsvangirai sem consultar os seus assessores.

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