Jornalistas detidos enquanto cobriam protesto nos EUA

A jornalista Kaelyn Forde e o operador de câmara Jonathan Conway, correspondentes do canal russo Russia Today nos Estados Unidos, foram detidos a 22 de Novembro perto da base militar de Fort Benning, na Georgia, enquanto cobriam protestos no exterior do Western Hemisphere Institute for Security Cooperation.

De acordo com um relato de Kaelyn Forde reproduzido pela Repórteres Sem Fronteiras (RSF), os elementos da equipa de reportagem do Russia Today tinham entrevistado o responsável da polícia local nessa manhã, identificando-se claramente como membros da comunicação social, e durante a cobertura do protesto tiveram sempre em local visível as suas credenciais de imprensa.

No final do protesto, e apesar de ter sempre cumprido as ordens dos agentes da autoridade, a certa altura Kaelyn Forde sentiu uma mão agarrá-la por trás: “Foi então que fui detida. O meu operador de câmara filmou a minha detenção e foi detido ele mesmo minutos mais tarde”.

“Quando chegamos ao autocarro que a polícia estava a usar para transportar detidos, perguntámos aos agentes de que nos acusavam. Nenhum nos quis responder, embora tenhamos perguntado insistentemente. Finalmente, um agente disse: ‘Nada. A viagem é de graça’ e começou a rir”, afirmou Kaelyn Forde.

Depois de terem sido identificados, fotografados e visto os seus bens pessoais e equipamentos profissionais confiscados, os dois jornalistas foram colocados numa cela juntamente com manifestantes, alguns dos quais foram tratados de forma desumana, segundo Kaelyn Forde.

Os jornalistas tiveram a sua fiança fixada em 4100 dólares, em vez dos habituais 200 a 300 dólares para contra-ordenações, e quando foram presentes perante um juiz souberam que estavam acusados de reunião ilegal, manifestação sem autorização e não cumprimento de ordem de dispersão, não tendo autorização para ficar na sala e ouvir as declarações da polícia contra eles.

Segundo a correspondente do Russia Today, apesar de os juízes terem visto vídeos que provavam a inocência da equipa de reportagem, esta foi considerada culpada de todas as acusações e aconselhada a aceitar o veredicto e pagar a multa imposta, caso quisesse sair da cadeia.

Além de deter os dois profissionais, as autoridades identificaram e levaram para a esquadra Cecilia Kluding, estagiária de uma rádio comunitária, não obstante esta ter apresentado as suas credenciais de imprensa.

“Eu pensei que isto nunca aconteceria no meu país, e que a Primeira Emenda nos protegia. Mas a única coisa que os nossos advogados conseguiram negociar foi o tempo de cadeia, e nós fomos forçados a aceitar um veredicto de culpados sem qualquer espécie de processo devido. Como jornalistas, as nossas liberdades foram atacadas”, frisou Kaelyn Forde.

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