Jornalistas australianos em greve contra despedimentos

Os jornalistas do grupo australiano Fairfax levaram a cabo uma greve na noite de 27 para 28 de Outubro, devido ao despedimento anunciado de 68 trabalhadores, fundamentado numa redução de despesas que poderia ter sido evitada se não tivessem sido pagos bónus milionários a executivos de topo da empresa.

O anúncio dos despedimentos foi feito por David Kirk – ex-capitão da selecção neo-zelandesa de râguebi e CEO do grupo há cerca de uma semana – que recebeu um bónus de entrada de 1,2 milhões de dólares australianos (750 mil euros), enquanto o seu antecessor, Fred Hilmer, arrecadou 4,5 milhões de dólares australianos (2,8 milhões de euros) para sair.

“Se não fossem despesas como estas, a empresa estaria numa posição financeira muito mais forte”, afirma Christopher Warren, presidente da Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) e secretário federal da Media, Entertainment and Arts Alliance (MEAA), frisando que os 68 postos de trabalho que o grupo Fairfax está a pensar cortar representam uma poupança anual de 8 milhões de dólares australianos (4,97 milhões de euros), pouco mais do que o gasto feito com os bónus dos administradores.

Por este motivo, numa reunião com a administração realizada após a greve, os representantes da redacção sugeriram cortes de 20 por cento no salário dos executivos e a devolução dos bónus de desempenho que lhes foram atribuídos.

Visivelmente revoltados com a situação no grupo – que detém títulos como o “The Sydney Morning Herald”, “The Herald Sun” ou “The Age” –, os trabalhadores ponderam recorrer novamente à greve caso a administração pretenda avançar realmente com os despedimentos, contando para tal com o apoio incondicional da FIJ e da MEAA.

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