Jornalistas árabes boicotam conferência de imprensa de Colin Powell

Os jornalistas árabes em Bagdade boicotaram a conferência de imprensa do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, em sinal de protesto pela morte de mais três jornalistas e dois outros trabalhadores dos média atingidos pelas tropas norte-americanas no Iraque.

Assinalando um ano do início da intervenção norte-americana no Iraque, Colin Powell afirmou hoje, 19 de Março, em conferência de imprensa em Bagdade, que a coligação militar continua sólida e que a decisão do próximo chefe do governo espanhol, José Luis Zapatero, de fazer regressar os militares espanhóis que estão naquele território, não afectará a política da Casa Branca.

A intervenção de Powell foi ensombrada pelo protesto dos jornalistas árabes presentes na capital iraquiana, que abandonaram a sala onde decorria a conferência de imprensa após lerem uma declaração de protesto pela morte dos jornalistas árabes atingidos a 18 de Março pelas forças norte-americanas estacionadas no Iraque.

Os jornalistas exigiram uma “investigação clara e completa” à morte dos seus camaradas de profissão.

Idêntica posição tomou a Federação Internacional dos Jornalistas (FIJ), que em comunicado hoje divulgado lembra que desde o início da guerra contra o Iraque foram mortos 36 profissionais dos meios de comunicação social.

“Estas trágicas mortes confirmam que o Iraque é o lugar mais perigoso do mundo para os jornalistas”, afirmou o secretário-geral da FIJ, Aidan White, que considera ser “vital que se preste assistência para reduzir os riscos que os jornalistas enfrentam nesta atmosfera hostil”.

Segundo a FIJ, as recentes mortes colocam sérias questões sobre o facto de os jornalistas serem alvos, em particular no respeitante aos dois jornalistas da Al-Arabiya, pelo que se impõe uma investigação completa às circunstâncias da sua morte. “Trata-se de mais dois casos em que deve ser dada uma explicação completa sobre as circunstâncias em que as tropas da coligação abriram fogo sobre um veículo claramente identificado” como sendo da imprensa, afirma a FIJ.

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