Jornalista venezuelana em tribunal por violar segredo de justiça

A jornalista Patricia Poleo vai ser processada pela obtenção e revelação ilegal de documentos em segredo de justiça e violação de legislação anticorrupção, anunciou a 31 de Janeiro o Ministério Público da Venezuela.

O anúncio foi feito três dias depois de a polícia ter revistado, com mandado judicial, a casa da jornalista e directora do diário “El Nuevo País”, onde apreenderam disquetes e fotocópias de documentos alegadamente em segredo de justiça.

Este caso está relacionado com notícias de Dezembro de 2004 e Janeiro de 2005 acerca da investigação ao assassinato do procurador Danilo Anderson, o responsável pela investigação do alegado envolvimento de vários empresários, políticos e ex-governantes no golpe de Estado que, em Abril de 2002, depôs por um breve período o presidente Hugo Chávez.

Danilo Anderson foi vítima a 18 de Novembro de 2004 de um atentado com um carro armadilhado. Três dos cinco suspeitos de autoria material do crime estão presos, continuando a polícia em busca dos que pleanearam o assassinato do procurador.

Nos seus artigos, Patricia Poleo – filha de Rafael Poleo, proprietário do “El Nuevo País” – ligou a morte do procurador a um grupo de extorsão que inclui vários advogados e magistrados, os quais estariam a tentar parar as investigações de Danilo Anderson. Esta linha de orientação mereceu críticas do procurador-geral, Isaías Rodríguez, que acusa a imprensa de empolar uma alegada extorsão com o objectivo de desviar as atenções daquilo que interessa: a identificação dos culpados.

A acção judicial contra Patricia Poleo foi já condenada pela directora-executiva do Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), Ann Cooper, para quem “os jornalistas não deveriam ser punidos por noticiarem assuntos de interesse público como o caso Anderson”.

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