O jornalista Amadou Dagnogo, correspondente do diário L’Inter em Bouake, Costa do Marfim, encontra-se desaparecido desde 28 de Agosto, ocasião em que um vizinho o viu pela última vez, depois de ter sofrido ameaças de tropas rebeldes.
De acordo com o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), Amadou Dagnogo já tinha informado Charles d’Almeida, editor do L’Inter, que andava a receber ameaças de rebeldes leais a Guillaume Soro, o líder das Forces Nouvelles (FN), que controlam Bouake.
O jornalista escreveu artigos acerca de uma suposta divisão dentro do movimento e sobre alegadas atrocidades cometidas pelos guerrilheiros favoráveis a Guillaume Soro, pelo que as FN o acusaram, em Julho, de dizer mentiras.
Um conflito entre as forças de Guillaume Soro e as tropas rebeldes de Ibrahim Coulibaly, um líder rival, rebentou em Junho na cidade de Korhogo, e Amadou Dagnogo foi apontado por fontes locais como sendo simpatizante deste último.
Em Julho, Amadou Dagnogo terá escapado por pouco a uma emboscada, segundo disse ao seu editor, mas, na altura, as Forces Nouvelles negaram ter ameaçado o jornalista.
Todavia, numa carta de 28 de Agosto assinada pelo porta-voz das FN, Antoine Beugré, o L’Inter era acusado de publicar informação falsa, para prejuízo da segurança dos seus correspondentes em Bouake e Korhogo.
Mais tarde, a 9 de Setembro, Charles d’Almeida recebeu um telefonema anónimo em que o interlocutor ameaçava executar o correspondente do diário em Bouake se o jornal não se retractasse de uma história segundo a qual as tropas de Guillaume Soro tinham atacado o Central Bank of West Africa em Bouake para roubar dinheiro.
Amadou Dagnogo é o segundo jornalista a desaparecer na Costa do Marfim este ano, depois do freelance Guy-André Kieffer, visto pela última vez em Abril.