Jornalista chinês impedido de receber prémio da UNESCO

Por decisão das autoridades chinesas, o jornalista Cheng Yizhong, galardoado com o UNESCO/Guillermo Cano World Press Freedom Prize, não vai poder ausentar-se do país para receber a distinção, que será entregue a 3 de Maio em Dakar, no Senegal.

O júri internacional que deliberou atribuir a Cheng Yizhong o galardão de 25 mil dólares considerou-o representante do melhor jornalismo que se faz na China, ao “falar em defesa dos fracos e vigiar os actos dos fortes”, tendo a sua bravura sido também destacada pelo Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ), que lamentou o facto de o governo chinês estar longe de alcançar um modelo de liberdade de imprensa.

Cheng Yizhong era chefe de redacção do jornal “Nanfang Dushi Bao” quando, em Março de 2003, o periódico revelou a morte por agressão do designer gráfico Sun Zhigang enquanto se encontrava detido, o que gerou ondas de protesto e levou à detenção de dirigentes governativos locais e agentes da polícia.

Num aparente acto de retaliação, as autoridades acusaram de corrupção dois jornalistas do “Nanfang Dushi Bao”, encontrando-se ambos ainda encarcerados, enquanto Cheng Yizhong esteve preso entre Março e Agosto de 2004.

Cheng Yizhong, que ocupa actualmente um cargo de chefia no “Nanfang Tiyu”, publicação do grupo do “Nanfang Dushi Bao”, publicou na Internet um texto em que agradece a atribuição do prémio, lamenta não poder comparecer à cerimónia e apela aos jornalistas chineses para que falem a verdade e não se deixem intimidar.

Segundo o CPJ, o testemunho de Cheng Yizhong não podia ser encontrado, a 2 de Maio, em nenhuma página de Internet da China, o que sugere que as autoridades do país terão censurado o texto.

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