Israel ataca edifício que alberga diversos média

Pouco depois da meia-noite do dia 29 de Junho, as Forças de Defesa de Israel (IDF) atacaram um edifício em Gaza onde funcionam escritórios da BBC, da Al-Jazeera, da televisão germânica ARD e de outros órgãos de informação.

O ataque israelita foi levado a cabo por um helicóptero, que disparou cinco rockets contra o terceiro piso do edifício de 12 andares, provocando grandes estragos materiais no prédio e nas casas vizinhas, além de três feridos ligeiros.

As IDF justificaram o ataque, através do seu sítio, alegando que o edifício era usado para “distribuir material de incitação do Hamas”, como “centro de comunicação que mantinha contacto constante com terroristas” e como “canal através do qual o Hamas reclamava ataques terroristas”.

Preocupado com a situação, o Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) faz notar que as IDF mais uma vez não apresentaram quaisquer provas sustentando as acusações que serviram de pretexto para atacar instalações civis que deveriam estar protegidas ao abrigo de leis humanitárias internacionais.

Tendo em conta o piso atingido, o CPJ suspeita que o alvo do ataque israelita seria a revista “Al Saada”, conhecida pelas suas simpatias islamitas e que, até há pouco tempo, partilhava o espaço com o gabinete de imprensa Al-Jeel, pertencente ao jornalista freelance Mustafa al-Sawaf.

Também a Associação da Imprensa Estrangeira em Israel (FDA) condenou de imediato o “comportamento irresponsável” dos militares israelitas, pois o edifício é conhecido por albergar média internacionais.

“Esta acção mostra um claro desrespeito pela vida e pela segurança dos jornalistas que cobrem o conflito israelo-palestiniano”, afirmou a associação em comunicado, considerando que as acções das forças de defesa israelitas – e a sua explicação de que o alvo era um órgão de comunicação ligado ao Hamas – foram exageradas face à ameaça apresentada.

Em resposta, o gabinete de imprensa do governo de Israel classificou a posição da Associação de Imprensa Estrangeira como “confusa, hipócrita e pretensiosa”.

Confusa porque “o edifício não tinha pessoas lá dentro no momento do ataque”, pelo que a segurança dos jornalistas não podia ser posta em causa; hipócrita porque “a FPA continua a exigir que o Estado de Israel não impeça a entrada de jornalistas em Gaza, apesar desta ser uma área de conflito e apresentar perigos óbvios para os jornalistas”; e pretensiosa porque “se elementos da imprensa se envolvem em negócios com indivíduos com ligações a – e ao serviço de – organizações terroristas, é de esperar que ponderem os riscos de tal opção”.

O gabinete de imprensa considerou ainda “curioso” o facto da organização não ter protestado contra o ataque do Hamas a Sderot, a 28 de Junho, que provocou duas vítimas mortais e que “terá certamente colocado em perigo os muitos jornalistas que lá estavam”.

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