Israel alerta jornalistas que embarquem na “Frota da Liberdade”

O director do Gabinete de Imprensa do Governo de Israel, Oren Helman, “implorou” aos correspondentes e chefes de redacção de média estrangeiros com presença no país que “evitem tomar parte no acto provocatório e perigoso” que é, no seu entender, a viagem da “Frota da Liberdade”, cujos navios saem esta semana da Grécia rumo a Gaza com ajuda humanitária.

O mesmo responsável acrescentou ainda que “a participação nesta frota é uma violação da legislação israelita”, susceptível de impedir os seus participantes de entrar em Israel por dez anos e de levar à apreensão de equipamento, bem como de outras sanções adicionais.

Em reacção, a Associação da Imprensa Estrangeira em Israel considerou as palavras de Oren Helman como uma ameaça que “envia uma mensagem arrepiante aos meios de comunicação internacionais e gera sérias dúvidas sobre o compromisso de Israel para com a liberdade de imprensa”.

Por seu turno, a Associação de Jornalistas de Jerusalém recordou que “os jornalistas não são activistas e os países democráticos devem deixá-los fazer o seu trabalho”, frisando que “as ameaças colocam Israel à altura de regimes que reprimem a liberdade de imprensa”.

O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) apelou às autoridades israelitas para que permita a cobertura jornalística das acções da frota humanitária sem interferências ou represálias, e salientou que, apesar de o primeiro-ministro Benjamim Netanyahu garantir que “jornalistas cujas credenciais sejam reconhecidas por Israel” não serão proibidos de entrar no país durante dez anos, as autoridades israelitas não recuaram no que respeita ao confisco de material e às sanções adicionais.

Também a Repórteres Sem Fronteiras (RSF) condenou as ameaças, considerando-as “inaceitáveis”, e recordou que, em Maio de 2010, Israel actuou militarmente contra uma frota similar, matando 19 passageiros e ferindo outros 36, além de deter mais de 60 jornalistas que cobriam a acção e lhes confiscar equipamento e filmagens. Até à data, parte importante do material apreendido não foi devolvido aos jornalistas.

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