Instituto de Imprensa conta 65 jornalistas mortos em 2005

Durante o ano de 2005 foram mortos 65 jornalistas em todo o mundo, diz o relatório anual do Instituto Internacional de Imprensa (IPI, na sigla inglesa), que indica o Iraque como o país mais perigoso, com um total de 23 jornalistas assassinados no ano passado.

Na Europa, o documento destaca a morte de quatro jornalistas em países do Leste e considera os atentados de 7 de Julho, em Londres, como o evento mais significativo, por ter conduzido a projectos-lei britânicos a proibir a “glorificação” do terrorismo e por ter provocado um debate na União Europeia sobre o papel dos média na “radicalização” do terrorismo. O debate apontou os códigos de conduta voluntários como possível solução para o problema.

Estes acontecimentos assinalaram uma mudança no equilíbrio entre liberdade e segurança e acabaram por moldar o debate político sobre os controversos cartoons de Maomé publicados pelo jornal dinamarquês “Jyllands-Posten”, a 30 de Setembro de 2005.

“A liberdade dos média sempre foi essencial para a democracia; porém, 2005 registou uma alteração subtil nesta forma de pensar e agora há uma ideia política preocupante que vê algum do trabalho dos média como prejudicial tanto em relação à guerra ao terrorismo como nas relações do Ocidente com o Islão”, comenta o director do IPI, Johann Fritz.

Na região do Médio Oriente e Norte de África a guerra no Iraque polariza as atenções, tendo já reclamado a vida de 23 jornalistas, sobretudo iraquianos. Nos restantes países da região foram mortos mais três repórteres, dois dos quais em atentados no Líbano, realizados com o objectivo de silenciar a cobertura de assuntos políticos sensíveis no plano doméstico.

Passando para a Ásia, que registou 20 mortes de jornalistas, o IPI destaca a situação nas Filipinas, com nove profissionais da comunicação assassinados,; na China, que continua a prender jornalistas; no Nepal, onde a batalha pela liberdade de imprensa se complicou desde o golpe de Estado do rei Gyanendra; e no Sri Lanka, país onde os jornalistas voltaram a ser alvo de facções políticas rivais.

Em África, os acontecimentos mais graves foram o ataque do governo etíope aos média independentes, prendendo jornalistas por traição, e a persistência de legislação repressiva contra a comunicação social no Zimbabué. Em termos de jornalistas mortos, este continente registou quatro.

Atravessando o Atlântico, o relatório diz-nos que 11 jornalistas foram assassinados nas Américas e destaca os progressos legais no Chile, na Guatemala, nas Honduras e no Panamá, assim como a redução da violência contra a imprensa na Venezuela.

Porém, estes avanços são contrabalançados com o aumento da autocensura em toda a região e de ataques aos jornalistas na Colômbia, no México e no Haiti. Os Estados Unidos também não escapam a críticas no relatório, em virtude da perseguição judicial das fontes jornalísticas e também de limitações ao acesso dos profissionais dos média à informação.

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