Greve continua na televisão pública em França

Os trabalhadores das estações públicas francesas France 2 e France 3 estão em greve há mais de uma semana. Os telejornais dos dois canais públicos deixaram de ser transmitidos na quarta-feira, 20 de Novembro, dia em que cerca de 700 trabalhadores manifestaram-se em frente ao Ministério da Cultura e da Informação.

A preocupação com o financiamento do serviço público e os rumores de uma eventual privatização da empresa pública de televisão levaram a central sindical CGT a convocar a greve, que teve início a 13 de Novembro e vem evoluindo em crescendo, até ter chegado à supressão dos noticiários dos dois canais. A acção de protesto pretende forçar a administração da empresa a revelar quais as estratégias que pretende adoptar.

A paralisação abrangeu, inicialmente, a Radio France, onde os trabalhadores já retomaram a actividade. Mas a greve não baixou de intensidade na televisão do Estado, onde os trabalhadores contestam o recurso permanente à produção externa. Em alguns casos, os custos dos programas produzidos no exterior são seis vezes superiores aos que a estação pagaria, se os realizasse internamente.

Os trabalhadores protestam ainda contra o facto de há cinco anos não existirem aumentos salariais na empresa, enquanto as condições de trabalho se vêm deteriorando. Mas, afirmam, a questão salarial é secundária, face às incertezas quanto ao futuro do serviço público.

Os trabalhadores em greve levaram estes problemas ao gabinete do ministro da Cultura e da Comunicação, Jean Jacques Aillagon. No entanto, após o encontro com representantes do ministro, os delegados sindicais lamentaram a falta de empenho do governo neste dossiê.

Entre os 700 trabalhadores que se manifestaram quarta-feira, 20 de Novembro, em Paris, estavam os funcionários da estação dedicada às regiões, que é emitida através do cabo. Instalado em Lyon, este canal vai fechar em Fevereiro de 2003, por não ter espectadores suficientes, sem que os trabalhadores saibam qual será o seu destino.

A paralisação dos trabalhadores do serviço público francês é apoiada pela Federação Internacional de Jornalistas (FIJ). “Os sindicatos franceses mostraram que existe uma contradição na política do Governo para o audiovisual público. Os ministros queixam-se da quebra de qualidade, mas os orçamentos existentes são completamente inadequados para produzir uma emissão de grande qualidade”, disse o secretário-geral da FIJ, Aidan White. “Esta greve é mais um sinal da pressão que está a ser exercida sobre o serviço público em toda a Europa”, concluiu.

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